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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

NISE - 15/02/1905 - 30/10/1999


 Nise na Casa das Palmeiras, dia de festa, anos 70, Tijuca.
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Em homenagem à Doutora Nise da Silveira, sempre lembrada por clientes, colaboradores, amigos em geral, todos da Casa das Palmeiras e do Grupo de Estudo C. G. Jung, transcrevemos trechos de sua belíssima obra, de reflexão pessoal, no campo da filosofia, publicada em 1995:

 Cartas a Spinoza - Nise da Silveira
Carta VII 
Meu caro Spinoza,   
     
          Você sabe que o estudo da Ética é difícil. Sem dúvida. Mas também é fascinante acompanhar o percurso labiríntico desse livro, uma proposição remetendo a outra muito anterior, o desdobramento para diante nunca perdendo os fios que ficaram para trás; outras vezes, fazendo rápidos movimentos que levam a saltos de nível. Não há extravios a temer, Sente-se logo que sua mão é firme, seu pensamento, seguro.
          Mas acontece que desta vez eu me assustei, tão absorvida estava na procura de compreender os sentimentos, suas engrenagens obscuras, suas claras belezas, quando você, de súbito, partiu para outras alturas. Tudo quanto antes havia dito quase parecia uma introdução preliminar. O alvo principal era, nada mais, nada menos, que a conquista da eternidade!
            Leio surpreendida: “É tempo agora que eu passe ao que concerne à duração do espírito sem relação com o corpo” (V, XX, escólio).
            (...)
            Essas ideias que você desenvolve na parte V da Ética não devem causar estranheza. Com o cão de bom faro, fui encontrar no Breve tratado, escrito antes de 1663: “... a alma pode estar unida ao corpo do qual ela é a essência ou então a Deus, sem o qual não pode ser concebida”.
            (...)
        Desejaria demarcar bem o seu conceito de eternidade, e o conceito de imortalidade, segundo o cristianismo.
            A ressurreição é um dogma cristão, que inclui corpo e espírito. 
             (...)
         Na sua concepção, porem, só uma parte do espírito seria eterna. E a amplitude dessa parte do espírito seria eterna. E a amplitude dessa parte eterna variaria, segundo a capacidade que ela possuísse para penetração na essência das coisas.
          Uma vida conduzida segundo os princípios da Razão, baseada na firmeza, generosidade e concepção de ideias adequadas, já seria uma grande conquista. Você, porém, caminha para mais alto ainda.
          Impressiona-me que você não demarque fronteiras entre vida e morte. O que importa, na sua visão, será a amplitude da eternidade conquistada e com ela o gozo da beatitude.
          Spinoza, você me faz lembrar o poema de Kabir, o persa: 
          “Ó amigos! Busca-o durante a tua vida, conhece enquanto vives, compreende enquanto vives:
          Pois na vida está a libertação. Se teu cativeiro não se rompe enquanto vives, que esperança de libertação haverá na morte?
          ..........................................
          Se obténs agora a união, estarás unido a Ele para sempre,
          Mergulha na verdade”. 
          Você talvez dissesse: Mergulha desde já na Substância Infinita.
          Agora e sempre,
                                                                     Nise.
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Cartas a Spinoza - esgotado. Temos cópias para consulta e leitura -
 Biblioteca da Casa das Palmeiras.
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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Nise, 14 anos de ausência e de presença aterna

 Regina Alvarez e Nise (foto inédita - m.p.f.)
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Doutora Nise da Silveira
Regina Alvarez
Sua força, sua luz
Sua eterna perseverança
Nos ilumina para sempre,
O que fica no coração,
Fica para vida toda.
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Regina Alvarez – Fotógrafa – colaboradora voluntária na Casa das Palmeiras. Homenagem / Quaternio de 2001 – Pág. 165. Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung.
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domingo, 27 de outubro de 2013

Nise, 14 anos de ausência e de presença eterna


  Foto: Sebastião Barbosa. 
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Nise a linguagem dos gestos
                                               Carlos Augusto de Araújo Jorge 
          A preocupação de Nise com o outro, com a comunicação, com o respeito à vida se apresenta desde criança, ocasião em que, observando uma lágrima em um dos olhos de uma galinha pedrês, fez com que seu pai ordenasse a mudança do cardápio a ser servido no almoço em sua casa.
          Com esta atenção, Nise, durante sua vida Professional, embora, num meio onde a comunicação verbal era entendida como a única forma de comunicação entre o profissional e o “doente” psiquiátrico, ou simplesmente cliente, com o preferia chamar; Nise não admitia a alcunha de paciente, e em um ato de respeito à pessoa e à ciência, chama a atenção para outras formas de expressão e de comunicação: a linguagem dos gestos. Enfim, desta maneira, se comunicavam as pessoas que viviam “estados diferentes do ser”.
          Nise da Silveira, por mais de setenta anos estudou as emoções que ebuliam no interior das pessoas que se encontravam submersas nas profundezas do inconsciente, pessoas que a ciência oficial taxava de “anafetivas”, e, ao garimpar e possibilitar outros canais de comunicação iniciou uma grande revolução na psiquiatria mundial. Foi observando o outro, suas ações, seus gestos, que entendeu os dramas que estas pessoas estavam a viver. Nise entendeu os gestos, decifrou os gestos, e por fim, enquanto enferma, antes de viver sua grande e última aventura, pois assim definiu a morte, ensinou a todos nós, seus amigos, a linguagem dos gestos. Traqueostomizada, porém lúcida, e muito lúcida, durante dias e dias nos fez entender tudo o que desejou apenas com as mãos e os olhos. 
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Nota – o negrito é nosso.
Carlos Augusto de Araújo Jorge – médico psiquiatra e do trabalho. Foi presidente da Casa das Palmeiras. Texto Homenagem / Quaternio de 2001 – pág. 74, Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Nise, 14 anos de ausência e de presença eterna


Tomaz Lima / homem de bem,  Georgete e Nise (foto inédita - m.p.f.)
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Relato  - Georgete Melhem
          Em 1965 atuando como assistente de Ivan Serpa no MAM fui por ele indicada à Dra. Nise da Silveira, como monitora de pintura da Casa das Palmeiras, então funcionando na Tijuca, Rua Haddock Lobo. Lá comecei a desenvolver um trabalho, naquela época, raro.
          Dra. Nise tinha disponibilidade para acompanhar os trabalhos daqueles que frequentavam a Casa. Juntas íamos separando e observando as obras. Ela ia analisando cada uma. Mostrava a importância das formas, das cores, dos espaços, das imagens. Desta maneira, se estabelecia uma relação mais próxima entre mim e os criadores no atelier livre de arte.
          Aprendi muito, e era uma felicidade enorme. Uma alegria conviver tantos anos lá naquela Casa.
          A utilização da linguagem artística era o caminho para atingir as mais profundas chamadas do inconsciente. Durante a convivência entre os frequentadores da Casa e os artistas surgiram figuras como Darcílio Paula de Lima, artista premiado internacionalmente.
          Trabalhei com Dra. Nise durante 15 anos, e depois, alternadamente por dois e três anos, quando tive oportunidade de ser curadora de várias exposições, que resultaram na formação de um grande acervo.
          Participei do primeiro curso de Terapia Ocupacional em 1969 fazendo estágio no Centro Psiquiátrico Pedro II – Engenho de Dentro.
          Em 1966, colaborei na organização de um importante Leilão de Artes da Casa das Palmeiras, participando do mesmo com meus trabalhos, junto a muitos outros artistas plásticos brasileiros de projeção. Constando na ocasião de uma cerâmica de Picasso.
          Em 1977 fui monitora e frequentadora do curso de arteterapia. Participei nos últimos anos atuando na Casa das Palmeiras, em importantes eventos como, em 1993, curadora da exposição no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Nota – o negrito é nosso. Georgete Melhem – Artista Plástica – Foi por muito anos coordenadora/monitora nos Ateliês de Atividades Plásticas na Casa das Palmeiras. Texto - Homenagem / Quaternio de 2001 – pág. 102, Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Nise - 14 anos de ausência e de presença eterna

                       
 Dody e Nise, duas grades amigas, na Suíça.
Anos de 1960.
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               Nise
                                                         Fauzi Arap

          Meu convívio com a Dra. Nise da Silveira e a Casa das Palmeiras, no início da década de 70, foi dos períodos mais ricos de minha vida. A filosofia de seu trabalho, que respeitava em cada um sua originalidade e chamava respeitosamente de estados de consciência aquilo que a psiquiatria convencional cataloga apenas como doença mental, e com rótulos que nada explicam, me ajudou a melhor compreender a natureza do artista e da própria Arte.
          O verdadeiro artista tem tudo a ver com o convívio com a outra margem da consciência, com o inconsciente profundo. E a criação do Museu de Imagem do Inconsciente e a utilização da Arte como instrumento alquímico de transformação da consciência é, sem dúvida, um marco definitivo na abordagem terapêutica do doente mental. É raro o artista que não se identifica com o esplendor e riqueza do acervo do Museu, que resgata o sentido mais digno e essencial da Arte, por colocá-la fora do Mercado, e como aliada e a serviço do Homem, num momento limite de sua luta por uma sobrevivência psicológica.
          Sou conhecido como homem de teatro e também pela direção de shows de MPB, como os que tenho feito com Maria Bethânia. Rosa dos ventos, que realizamos em 1971 e que chamei de “show encantado”, acabou se tornando um marco em nosso caminho. Talvez esse tenha sido um de meus trabalhos mais inspirados e é importante registrar que o encantamento a que se refere o título, foi possível e aconteceu, devido, em grande parte, à presença invisível de Nise ao meu lado, naquele período. Além disso, utilizamos parte do acervo do Museu, com a projeção de slides de alunos dos trabalhos dos pacientes-artistas, no trecho final do espetáculo. Durante o ano de 1971 e parte de 72, trabalhei como voluntário na Casa das Palmeiras, dando aulas de “teatro”. A própria estrutura do show era apoiada sobre uma linha Junguiana, com, os blocos sendo identificados com os nomes dos quatro elementos - terra, água, ar e fogo.
          Mas o tempo não pára. Nos últimos anos, tenho perdido inúmeros amigos e pessoas importantes de minha vida. Flávio Império, Clarice Lispector, Plínio Marcos, entre muitos outros e, agora, Dra.Nise da Silveira, são alguns dos que partiram. A essa altura, me sinto anestesiado. As pessoas que conseguem como Nise, desbravar novos caminhos dentro da difícil burocracia a que a normalidade nos condena, são merecedoras de nossa gratidão. Ela, como outras que conseguiram extrapolar os limites da conveniência e do bom comportamento, para apontarem e desbravarem novos caminhos, acabam permanecendo para todo sempre, não só em nosso afeto e consideração, mas como presença viva e continuada através da obra cristalizada que permanece perene para possibilitar cura e alívio para tantos que não são senhores de sua própria voz. A eles Nise legou a Arte como caminho. E a Arte talvez seja a única forma de poder verdadeiramente respeitar a individualidade de cada um.

Nota – o negrito é nosso. Fauzi Arap – Ator – Foi coordenador voluntário na Atividade de Teatro na Casa das Palmeiras. Texto: Homenagem Nise da Silveira / Quaternio de 2001 – pág. 97, Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung. 
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sábado, 19 de outubro de 2013

Nise - 14 anos de ausência e de presença eterna

          Saudade de Nise

                     Maria Lúcia Vinha Boiteaux

Mas, por falar em saudade,
Onde anda você?

Saudade de Nise.

Vou além da saudade,
Vou ao encontro de Nise.
Onde encontrar Nise?
Nos espaços franciscanos?
No olhar de um felino?

Um sinal apontou para
O encontro da cientista e a bruxa,
Pura alquimia.

Nise compreendia minha magia.

Relembrar nossas tardes,
onde passávamos da tragédia à comédia.
Sempre tínhamos espaços para brincadeiras
E irreverências.
Nise me via como uma colaboradora e amiga.

Falar com Nise, por que não?
Ora, dirás ouvir estrelas,
Por certo, perdeste o senso...

Obrigado, Nise, por ter
existido entre nós.
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Maria Lucia Boiteaux – foi colaboradora na Casa das Palmeiras - Atividade Salão de Beleza. Homenagem / Quaternio de 2001 – pág. 147. Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Nise -14 anos de ausência e de presença eterna


Nise, dia de seu aniversário aos 90 anos (foto inédita - MPF)

Estamos neste fim de mês refletindo nos 14 anos de ausência insubstituível de Nise da Silveira 
(15/02/1905-30/10/1999).
Aproveitaremos para publicar alguns artigos escritos em sua Homenagem e pertinentes à Casa das Palmeiras. Em particular textos de pessoas que trabalharam efetivamente com os clientes na Casa e deram seu testemunho - publicados na revista Quaternio Nº8/2001.

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                                 Imagem da consciência

                                                           Lygia Franklin de Oliveira

          Há uma semana estávamos reunidos na nossa assembleia na Casa das Palmeiras, chamada Clube Caralâmpia. Este é um espaço democrático onde clientes e equipe terapêutica discutem problemas, são feitas críticas, sugestões e deliberações. Um cliente antigo e muito querido, M. A., pediu a palavra. Fez um relato de uma recente experiência que, para outras pessoas, talvez seja plenamente aceitável e “normal”. M. A. concluiu que até mesmo os médicos são preconceituosos em relação ao doente que tem uma história psiquiátrica. Contou-nos que, no ano passado, havia desenvolvido um quadro de pneumonia e procurado tratamento. Este foi prolongado, e M. A. começou a perceber que o médico não levava em consideração o que ele falava, embora o estivesse fazendo com objetividade e coerência. O médico procurava sempre a confirmação ou informações advindas de seus familiares. M. A. sentiu-se profundamente humilhado. Veio compartilhar sua dor conosco, dizendo que esta era a pior de todas. Na sua avaliação, se os próprios médicos não conseguem estabelecer um contato respeitoso com o cliente psiquiátrico, o que dirá o restante da sociedade?
          Nise da Silveira criou a Casa das Palmeiras como “um pequeno território livre” onde os clientes têm liberdade de expressão e encontram uma equipe que, sobretudo, valoriza a sua dignidade, respeita as singularidades e tem credibilidade pelo que cada um traz e sente. Uma equipe que procura construir pontes alicerçadas na sinceridade e no respeito entre si e os clientes. Tudo isso, a terapêutica ocupacional constitui-se o laborioso caminho de volta à reinserção social.
          No mesmo dia em que M. A. contou-nos a sua história, outro cliente, M., explicou-nos que considera o ambiente da Casa das Palmeiras, de uma “inocência exagerada”. Definiu-o assim porque sabe que este mesmo ambiente não existe no mundo do lado de fora - duro e marcado por incompreensões. Mas M. afirmou de maneira convicta que é justamente desta “inocência exagerada” que uma pessoa que mergulho profundamente no seu inconsciente e experienciou todas as amarguras afetivas, sociais e médicas advindas deste mergulho, necessita para se recuperar. As dores e o sofrimento são tão intensos que só uma atmosfera semelhante à Casa das Palmeiras poderá trazê-lo de volta. Segundo M. é essencial que a pessoa recupere a confiança e a segurança através de uma experiência vivida. Esta é a sua única chance de retorno, geralmente constitui-se o oposto oferecido pelo mundo externo, que cada vez mais prioriza a competitividade e o sucesso objetivo.
          Não é difícil reconhecer o grande abismo entre os depoimentos de M. A. e M. e o que acontece na maioria dos serviços de saúde - psiquiátrica ou não. Geralmente o doente é pouco ouvido e não é levado a sério. O próprio sistema de saúde os trata como seres que não têm nada a dizer. Comumente a maior preocupação é mantê-los sob controle e silenciosos. Configuram-se aqui o autoritarismo, a visão reducionista e o preconceito, qualidades tão avessas à ciência.
          Guardo uma linda imagem da Doutora (assim a chamamos carinhosamente na Casa das Palmeiras), como símbolo opositor de tudo aquilo que descrevi através dos depoimentos de M.A e M.: Nise no chão, de joelhos, observando durante horas e horas os trabalhos dos clientes, tentando compreender, decifrar os mistérios ocorridos na alma de pessoas sofridas e quase sempre desqualificadas pela sociedade. Uma mulher numa atitude verdadeiramente religiosa, absorta e totalmente dedicada. Algumas vezes ouvi falar sobre este seu hábito de estudo e percebi que ele era tradutor de sua reverência e reconhecimento pelo manancial de riquezas interiores dos seus clientes. Foi esta atitude que marcou e fez o diferencial de toda a sua obra, possibilitando a recuperação de existências, esperanças e sonhos onde o senso comum é o científico, em princípio se diagnosticam como irrecuperáveis.
          Nise encarnou a síntese que unifica o arguto olhar científico ao gesto humano e amoroso. Vivemos numa época de incrível avanço tecnológico, mas essa síntese ainda não foi conquistada. Dela somos carentes. Falar de Nise é como falar do mar ou das estrelas. Não dá, não cabe, é grande demais. Mas acredito que a imagem de joelhos no chão tenha a força e a beleza capazes de inspirar um número cada vez maior de profissionais de saúde, não como ideologia intangível, mas como uma atitude terapêutica vital e transformadora.

Nota – o negrito é nosso.

Texto de Lygia Franklin de Oliveira, médica na Casa das Palmeiras, por ocasião do falecimento de Nise da Silveira (1905-1999). Homenagem / Quaternio / 2001 – pág. 133. Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Casa das Palmeiras


 
[ Imagem - Marc Chagall ] 
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sábado, 5 de outubro de 2013

Casa das Palmeiras - Emoção de Lidar - Histórico


Este mês de Outubro nos traz a saudade e falta, insubstituível, de Nise da Silveira (15/fevereiro/1905- 30/outubro/1999) não apenas em sua dedicação absoluta aos seus clientes, mas para todos nós que nos alimentávamos com sua sabedoria, mergulhos nas profundezas internas, sua perspicácia, cultura e humor refinado entre mil coisas mais impossíveis de especificá-las.  
Um pouco de memória e homenagem a tão querida e humaníssima pessoa que permanece viva - Nise da Silveira


 Retrato de Nise - gravura em metal de José Paixão / colaborador s/d. 
A Casa das Palmeiras funcionou durante 12 anos na bela e velha casa da Rua Haddock Lobo, 296, Tijuca, cedida, por D. Alzira La-Fayette Cortes. Transferida para a Rua D. Delfina nº 39. Palavras de sua diretora e fundadora, Dra. Nise da Silveira, no discurso de inauguração da nova sede, no dia 29 de maio de 1969:

Palavras de Nise da Silveira
Quaternio - Revista do Grupo de Estudos C. G. Jung, págs. 92 e 93.
Rio de Janeiro, 1970.
           “Nossos objetivos visam mais longe. Visam coordenar intimamente olho e mão, sentimento e pensamento, corpo e psique, primeiro passo para a realização de todo específico que deverá vir a ser a personalidade de cada indivíduo sadio. Na busca de conseguir esta coordenação fazemos apelo à capacidade criadora que existe, mais ou menos adormecida, dentro de todo indivíduo. A criatividade  é o catalisador por excelência das aproximações de opostos. Por seu intermédio, habilidades manuais, sensações, emoções, pensamento, são levados a reconhecerem-se entre si e a associarem-se. Daí a ênfase que damos, na Casa das Palmeiras, às atividades criadoras. Todo ato de criação, mesmo o mais simples e despretensioso implica num encontro entre consciente e inconsciente. E é na chama desse encontro, de intensidade maior ou menor, que os fragmentos da psique dissociada se juntam, que são construídos símbolos e que se realizam sínteses. A tarefa principal do médico será permanecer atento ao desenrolar fugidio dos processos interiores a fim de dar apoio e ajuda a seu cliente no momento oportuno. Convivendo com ele durante várias horas por dia, vendo-o exprimir-se verbal ou não verbalmente em numerosas oportunidades diferentes, o médico logo chegará a um conhecimento bastante profundo de seu doente. E a relação que nasce entre ambos, tão importante no tratamento, é muito mais genuína que a relação de consultório entre médico e doente. A Casa das Palmeiras é um pequeno território livre onde não há pressões geradoras de angústia nem exigências superiores às possibilidades de resposta de seus frequentadores”.
Nota: Em 1981 a Casa das Palmeiras foi transferida para a Rua Sorocaba, 800, Botafogo, RJ, onde se encontra atuante até os dias de hoje.
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Grupo de Estudos C. G. Jung
O LIVRO VERMELHO DE JUNG
Liber Secundus 
Dias 9 e 23 de outubro das 19h às 20h30

Rua Sorocaba, 800 - Botafogo (entrada franca)
Nenhuma dificuldade em acompanhar a leitura. Jung nos faz mergulhar,
 com ele, no espírito das profundezas.