Rua Sorocaba 800, CEP 22271-100, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Nise da Silveira

Artur da Távola

Nise gigante de metrimeio. Nise tinhosa, valente, aguda. Nise terna. “Nise felina, arquetípica: Grande Mãe” com alma de “Puer Aeternus”. Nise memória do cárcere que libertou das ditaduras da psiquiatria tradicional. Nise da aventura maravilhosa de curar. Nise que foi: mais cáctus que manga; mais mel que coca-cola; mais verdade que vacilação; mais queijo de coalho que cammembert; mais Beethoven que Chopin; mais Chaplin que Cecil B. de Mille; mais pífano que harpa; mais franqueza que medo; mais humildade que modéstia.
Nise concreta, Nise brava e forte na fragilidade maior da feminilidade imponente.
Nise mandacaru sempre florido por agudeza e percuciência, expressão estética da ética maior do ser tornado igual.
Nise alma de santa em estilo guerreiro, mescla de forças abissais com sutilezas orientais.
Nise hostil às formas de poder não oriundos do saber. Nise, sacerdotiza dos gatos com quem aprendemos a sabedoria milenar do instinto e a rara civilização do sutil. Nise dos cães, seus terapeutas que ajudaram esquizofrênicos a se manifestar e a trazerem de seu pulcro mundo oculto, tanto belezas quanto a possibilidade de alcançar universos que os chamados sadios jamais vislumbrarão.
Nise exação em pessoa como servidora pública exemplar; para quem servir era o único escopo da atividade.
Nise terapeuta ágil, leal e profunda a encadear nas imagens do inconsciente as descobertas de eras imemoriais e do patrimônio comum à humanidade. Nise do inconsciente coletivo, do self anima casado com animus, velho sábio amigo do herói, memória da célula. Nise da arqueologia da mente e dos elos cósmicos além dos racionalismos que infelicitaram o século XX. Nise veraz, luz, claridade, franqueza, ordem direta, o fim da evasiva, o começo da verdade, a verdade final, afinal a verdade. Nise intrépida, retilínea, indômita e audaz. Exemplo de vida!
Nise mãe geral de um Brasil menino e enfermo, pobre e desvalido. Obreira da grandeza civil, desbravadora dos continentes internos, antropóloga das profundezas. Nise asceta, seiva viva, anciã de todas as juventudes, jovem de todas as eras. Nise pássaro, graúna azul, olhar raio x, aguda percepção da falsidade alheia tanto quanto da verdade e dos bem igualmente moradores na alma do ser. Nise áspera se necessária e seixo de rio sempre que encontrava alma irmã. Nise Brasil, Nise elo de gerações, marca da capacidade humana de ser, crescer, criar, ousar, aventurar-se no caminho maior da entrega da vida ao bem da humanidade.
[QUATERNIO - Revista do Grupo de Estudos C. G. Jung - RJ - nº8 - 2001 - Homenagem Nise da Silveira] Artur da Távola / Paulo Alberto Monteiro de Barros foi Presidente da Casa das Palmeiras, dez. 2005-2007. Afetuoso e solícito prestou valioso e inesquecível apoio à Instituição. Sempre amigo recebe imenso carinho de todos.

domingo, 20 de abril de 2008

Desenho

Clara - guache sobre papel - 46cm x 65cm
Exposição Museu da República
40 anos de Estética - 1997
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Aos poucos estamos reorganizando todo o acervo de grande importância antropológica e mesmo histórica da Casa; o que restou do incêndio de 3/09/2006. Acervo de inestimável valor para a psiquiatria, a psicologia, a ciência, as atividades plásticas, a cultura. Os trabalhos dos clientes são expressões espontâneas do mundo interno, imagens do inconsciente carregadas de emoções. As obras são datadas e guardadas em série por seu alto valor para pesquisa e avaliação das manifestações criativas que surgem do inconsciente, naturais em todo ser humano. Não nos ocupamos com as condições e efeitos da criação artística enquando estética formal, e sim como pura realização expressiva. E nem visamos qualquer finalidade comercial. O potencial criador é a nossa porta de entrada para uma vida mais saudável, harmoniosa e feliz.

domingo, 13 de abril de 2008

Poesias e reflexões nas Palmeiras

L.C.
momento paz Deus
momento afligir certos
momento vida filho
Deus porque ódio
Rancor matratar vida
Superar vida paz vida
Porque vida para porque
Vida Deus direito
Equilibrio certo vida
Amor de Deus
Porque momento porque
Bem separa mal
Tratar paz Lar sinsero
Vida por céu Bem
Vida ensinou esse mundo
Porque senso humanidade
Perante vida momento
Porque vida paz vida
Tranqüilidade
Amor porque tratar
Bate acontecer agrada
Deus
Casa palmeiras
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E.
Sob os pés firmes
Tapete e o solo
Caminhar sobre a grama
Tapete e o orvalho
Onde se encontram
Os namorados
Caem das arvores flores
E festejam o amor.
(Fev. /2006)
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T.J.
Bichos
Os bichos são necessários
Para a humanidade, pois
Fazem parte do nosso processo
De evolução
(Out. /2007)
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S.
A sabedoria da inteligência da iluminação no poder do verbo Amar é a excelência do êxtase do clímax na plenitude com a natureza na alegria da felicidade com harmonia no equilíbrio.
A paz é o silêncio da alma do prolongamento da vida na filosofia do ser!
O Dom é virtude da mitologia cósmica universal do microcosmo e macrocosmo!
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F.
A rainha Elizabeth pode ter um sonho ruim e um menino de rua ter um sonho bom.
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L.R.
Eu não fico tranquilo enquanto não percorro todos os cantinhos do infinito
( mar./2008)
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domingo, 6 de abril de 2008

Grupo de Estudos C.G. Jung

Aos sábados de 2008 de 15 em 15 dias / das 16h30 às 18h30
O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS
Carl Gustav Jung - concepção e organização -
(Editora Nova Fronteira, 1977 - RJ)

Plano de estudo
1º capítulo - Chegando ao inconsciente - Carl G. Jung

15 de março - A importância dos sonhos
29 de março - O passado e o futuro no inconsciente

12 de abril - A função do sonho
26 de abril - A análise dos sonhos

10 de maio - O problema dos tipos
24 de maio - O arquétipo no simbolismo do sonho

7 de junho - O arquétipo no simbolismo do sonho [repetindo]
21 de junho - A alma do homem
O Grupo de estudos está aberto ao público
[como sempre foi em casa de Nise da Silveira]

Bem vindos os artistas, os filósofos, os psicólogos, os pensadores livres, os cientistas, os antropólogos, os sociólogos e/ou qualquer pessoa que desejar ler, estudar e/ou conhecer, mais profundamente a obra de Carl G. Jung

Local: Casa das Palmeiras
Rua Sorocaba, 800 - Botafogo
Inf.: Tel 2266-6465

Texto de Nise da Silveira


Jung dá máximo de valor à função criadora de imagens. Na sua psicoterapia, desenho e pintura são considerados fatores que podem contribuir para o processo de auto-evolução do ser.
Quando o neurótico já está em condições de sair do estado mais ou menos passivo de dependência das interpretações do analista, Jung o induz à ação, isto é, pede-lhe que desenhe ou pinte as imagens de sonho que mais o impressionaram. Não se trata de fazer arte – trata –se, na expressão de Jung, de “produzir uma eficácia viva sobre o próprio individuo”. “Dar forma material à imagem interna, obriga a considerar atentamente cada uma de suas partes que poderão deste modo desenvolver toda a sua força evocadora”. Correntemente, a pessoa detém-se sobre as imagens de seus sonhos apenas durante a sessão analítica. Logo depois é absorvida no tumulto cotidiano. As imagens esvaem-se. Outra coisa será tentar captá-las sobre o papel, lutando com pincéis e cores e tanto melhor quanto for o esforço e tempo dedicado a este trabalho. O indivíduo necessitará cada vez menos de seu analista. Descobre-se, por sua própria experiência, que a formação de uma imagem simbólica libera-o de uma condição de sofrimento e o ajuda a galgar outro nível de consciência, torna-se independente por auto criação, isto é, dando forma a suas imagens internas ele se modela simultaneamente a si mesmo.
O que acaba de ser dito refere-se a neuróticos e a todos aqueles que buscam o desenvolvimento de sua personalidade, a própria individuação.

Revista Quatérnio, 1973, págs. 131 e 132.
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Aqui na Casa das Palmeiras as produções plásticas são nomeadas, datadas, arquivadas e observadas em série nas supervisões. Material importante para estudos.
A Casa das Palmeiras é uma casa de convívio afetivo e social, de atividades expressivas, de pesquisa das imagens e de ciência.
Aos poucos a Casa está recuperando estruturalmente a filosofia e os princípios deixados por Nise da Silveira.
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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pintura

Claudia Tavares
Óleo sobre tela - 1980 / 49cm x 38cm