“As funções psíquicas,
especialmente aquelas que derivam de modo direto do inconsciente e são as mais
importantes, constituem a fantasia criadora. Nos produtos da fantasia as imagens
primordiais tornam-se visíveis e aqui que o conceito de arquétipo encontra sua
aplicação específica”. C. G. Jung. Cw.9,
79.
Os trabalhos, realizados no Ateliê da Pintura, são arquivados para serem observados em série, seguindo a ordem da produção,
sequência do processo criador. Pontual designação científica de Dra. Nise da
Silveira como meta para o melhor entendimento, conhecimento, das potencialidades
da psique através da produção criativa. As mãos, engendrando imagens, revelando
o mundo interno, e, com nos dizia Paul Klee: “tornar visível o que é invisível!”.
A imagem é revelação!
Frases de Nise da Silveira aqui já mencionadas, entretanto
importantes serem transcritas para aprofundamento do público estudioso da psique e os amantes das
riquezas imagísticas:
“Produzir imagens expressas em emoções já é
por si terapêutico, é remédio. Prefiro as atividades expressivas à camisa de
força química. Não que seja contra os remédios, longe de mim, mas sou avessa às
doses elevadas de psicofármacos.”
“O simples fato de pintar
despotencializa a angustia dos doentes. Observando as imagens percebe-se, mesmo
sem que haja uma tomada de consciência. Eles se sentem mais aliviados. Plasmando
com as próprias mãos, a pessoa doente vê que as imagens são menos apavorantes.
Vê-se uma considerável melhora na vida pessoal, nas relações externas.”
“Em matéria de educação
não basta conhecer o mundo externo, é necessário tomar seriamente em
consideração a função imaginativa ao dar forma a conteúdos do inconsciente.”
“Para Freud as imagens
plásticas são meras projeções do inconsciente, estão lá. Para Jung é bem mais
que simples projeções do inconsciente. O fato de desenhar, pintar, esculpir,
modelar, já é por si mesmo terapêutico.”
“Não tenho nenhuma
intenção de produzir arte nos ateliês. O inconsciente produz imagens
extraordinárias, é de uma riqueza criativa imensa. Não se tem a intenção de
forçar produzir trabalhos, mas sim de dar condições, possibilitar estímulos,
dar oportunidades de que os doentes possam se expressar plasticamente. As mãos
instrumento de trabalho. Nada deve ser forçado.”
“Tenho orgulho de dizer
que transformei o serviço subalterno em serviço de alta categoria. O trabalho
que se fazia na Terapia Ocupacional era tudo repetitivo quando fui designada
para lá (se referindo quando coordenava as oficinas T.O. do Hospital Pedro II,
no Engenho de Dentro, hoje, Instituto Municipal Nise da Silveira). Eles faziam
tudo igual todos os dias. Não existe coisa pior. Criamos oficinas de trabalho
criativo, nada era repetitivo, e chegamos a criar 17 oficinas expressivas.
Tínhamos a pintura e a modelagem como prioridade. Através das imagens podíamos
conhecer os processos psíquicos, o que se passa nas camadas mais profundas do
ser.”
“Aprendi mais com a
literatura do que com os trados de psiquiatria. Um conto de Machado de Assis,
Missa do Galo, exprime com mais clareza e sutileza as coisas do que um psiquiatra.
Aprende-se mais com Machado de Assis sobre a natureza humana do que em livros
de psicologia.”
“Gosto de mergulhadores,
pessoas que estudam a fundo o mundo interno. A maioria das pessoas tem medo do
inconsciente, ficam na superfície. Preciso de mergulhadores com escafandro.
Quem quer estudar psicologia que compre um escafandro e mergulhe com o
esquizofrênico.”
“A pesquisa e o estudo a
partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do
iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem
se dedicar intensamente, pois, das imagens surgirão não só revelações sobre o
corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos
seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história
da raça humana”.
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