Repetimos suas palavras sábias:
“A linguagem plástica é uma forma de expressão. Eu não chamo de arte, nem de longe tal pretensão. Não garanto que sejam artistas os trabalhos das pessoas que freqüentam os ateliês. Não sou eu quem decide se é arte ou não. A função do trabalho não é artística, é expressiva. Atividade expressiva das emoções, dos conteúdos internos. Não gostava do nome terapêutica ocupacional, foi quando um cliente na Casa das Palmeiras, na oficina de trabalhos manuais, tocando vários novelos de lã ele disse: “como é gostoso amassar... trabalhar com tecidos é a emoção de lidar.”Então pensei: eureka! Preferi em vez de terapêutica ocupacional adotar daí em diante emoção de lidar. Muito importante que o monitor ajude ao doente a descobrir a beleza do material com que trabalha.”
“Sabemos muito pouco da mente, da natureza psíquica, das emoções. Desenhar, pintar, modelar, gravar, depois colocar os nomes, datar os trabalhos e guardá-los em série estas imagens plásticas para pesquisa é ter a possibilidade de um dia, no futuro, se chegar a uma compreensão mais clara e profunda do mundo interno destas pessoas tão enigmáticas, tão misteriosas. A ciência sabe muito pouca a este respeito. E o método para se aproximar de um conhecimento revelador é basicamente o pré-verbal, a pré-palavra. Temos oficinas de encadernação, carpintaria, música, teatro, dança, mímica, botânica, bordado, costura. Atividades expressivas podem apontar os caminhos da vida interna.”
“A pesquisa e o estudo a partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem se dedicar intensamente, pois das imagens surgirão não só revelações sobre o corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história da raça humana.”
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Um comentário:
É um legado inestimável, o que Nise deixou. Uma obra baseada na doação pessoal e no amor. Viva!
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