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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Nise da Silveira 16 anos de ausência e presença


Hoje, 30 de outubro de 2015, data a ser lembrada com Amor Afetivo.

Há 16 anos, num hospital público, despojada dos bens materiais (como escolheu viver), cercada de alguns amigos/as, despediu-se desta vida terrestre para habitar outras substâncias, nossa saudosa 
Nise Magalhães da Silveira.






 (foto Martha Pires Ferreira).  
Dra Alice Marques dos Santos, grande amiga e companheira das batalhas com Dra. Nise da Silveira. 

O Blog da Casa das Palmeiras faz singela homenagem - alguns trechos de reflexões na obra: Cartas a Spinoza:*  

O ser humano, sendo um modo da substância infinita, tem sua existência limitada, duração dependente de causas exteriores. E como é frágil este modo, por mais que se esforce para persistir em sua existência, ante tantas forças destrutivas, que se agitam em torno dele. Só a substância infinita é eterna.

Você já havia dito no livro I que Deus é não somente causa eficiente das coisas, mas também de sua essência. Daí decorre, sem dúvida, a presença de Deus de uma ideia que exprima a essência dos corpos humanos, sob espécie de eternidade (V, XXII).

Sentimos e experienciamos que somos eternos (V, XXIII).
Essas ideias que você desenvolve na parte V da Ética não devem causar estranheza. Como cão de bom faro, fui encontrar no Breve Tratado, escrito de 1663: “... a alma pode estar unida ao corpo do qual ela é a ideia ou então a Deus, sem o qual não pode ser concebida”.
E daí decorre: primeiro, se a alma está somente unida ao corpo e este corpo é perecível, ela deve também perecer, pois ficando privada do corpo, que é o fundamento de seu amor, terá também de perecer com ele. Mas, segundo, se a alma está unida a outra coisa, que é e permanece inalterável, deverá também permanecer inalterável. (1) Breve Tratado, in Oeuvres Complètes. Paris, Gallimard, 1954.

De ordinário concebemos as coisas em relação a um certo tempo e a um certo lugar, mas, através do terceiro gênero, passamos a concebê-las contidas em Deus, ou seja, sob a espécie da eternidade (E. V, XXIX).

Começo relembrando suas palavras:“Uma vez que os corpos humanos são aptos a um grande número de ações, não é para duvidar que possam ser de tal natureza que estejam unidos a espíritos possuidores de grande conhecimento deles próprios e de Deus, em cuja maior ou principal parte seja eterna. Por consequência, não terão medo da morte” (V, XXXIX). A parte que parece com o corpo não terá nenhuma importância comparada à parte que persiste (E.,V, XXXVIII). Aliás, você já havia dito em  E., IV, LXVII: “ O homem livre em  nada pensa menos que na morte, e sua sabedoria é uma meditação não sobre a morte, mas sobre a vida”.

  *Aqui pequenas correções feitas pela própria Dra. Nise (Cartas a Spinoza - Francisco Alves Ed., 1995, pgs. 102 a 106).
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