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domingo, 15 de outubro de 2017

Mestre Onça e o teste Telhard de Chardin

     Numa daquelas maravilhosas quartas-feiras, no Grupo de Estudos C. G. Jung, Dra. Nise da Silveira nos fez um relato muito interessante sobre o gato Mestre Onça e Teilhard de Chardin.  
     Contou-nos:
     - um gato que uma empregada havia encontrado e levado para a Casa das Palmeiras, mas ao casar se ausentou. Resolvi leva-lo para minha casa já com o nome de “oncinha”, por ser rajado, malhado como uma onça. Estava entre nós para nos ensinar. Lembro-me agora de um fato de um padre francês, católico, e ao que chamo ‘teste Teilhard de Chardin’. Uma amiga de Chardin procurou-o para uma conversa e mencionou sobre um conhecido em comum; ela estava preocupada com o amigo, desconfiava de que ele tivesse desvios de caráter. Decidira consultar o padre para saber o que ela achava a respeito e se ele poderia ajudá-la. Ele respondeu: ‘É muito fácil. Para tirar a dúvida, na próxima visita desse amigo em sua casa, ponha um de seus gatos no colo dele. Se o gato permanecer no colo, pode confiar. Se afastar-se, você deve se afastar desse amigo’. E Oncinha nos ensinou isso na prática, de diversas maneiras.
     - por ocasião de uma reunião do condomínio do prédio, que se passou aqui em casa (no quinto andar, onde estávamos ouvindo-a), veio o representante da Administradora. Oncinha estava presente à reunião. De repente, ouviu-se um grito. Logo, o representante apresentou a perna com a meia empapada de sangue. Foi preciso que minha acompanhante fosse pagar remédios para o curativo. Aquilo era atípico, os gatos que tive (cheguei a ter 23) nunca fizeram isto. Naquela situação Oncinha deu seu veredito: o administrador na valia a roupa que vestia.
     - tive um problema complicado nos gânglios, bem na base do meu queixo e que me dificultava respiração correta. Remédios e mesmo Yoga não resolviam, não melhorava. Acontece que um dia estando no quarto e observando Oncinha percebi como ela respirava, profundamente até a barriga, e estando deitada. Inspirava e respirava com a barriga e eu só na altura do peito. Percebi que precisava respirar como o gato. Então, deitei-me igual ao gato, na horizontal e de lado. Passei a respirar corretamente. Contei este ocorrido para minha professora de Yoga e ela me disse: “certo! Imite o gato!”.
     - como Oncinha me havia dado tantas lições resolvi rebatizá-la, passou a se chamar Mestre Onça. Sempre foi um grande amigo. Cuidei dele nos seus últimos dias, sempre ao seu lado, com doença óssea que eu mesma diagnostiquei.
     - meu livro O Mundo das Imagens eu dedico em memória ao gato Mestre Onça com reverência.

 Nota – amigos/as que acompanhavam a sábia Nise escreviam o que ela ia relatando, ao pé de página.

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