Imagens do Acervo - desenho, pintura e colagem
"Desenho e pintura não só constituem
excelente meio de pesquisa, mas igualmente são instrumentos da maior
importância na terapêutica junguiana das neuroses”.
“Certamente será muito válido interpretar
e compreender as produções da imaginação – sonhos, fantasias – nos distúrbios
emocionais. Mas o caminho da interpretação emocional não é o único caminho. Há
também, segundo Jung, o método que sugere ao indivíduo a tentativa de dar forma
visível às imagens internas que surgem em meio dos tumultos das emoções.
Exprimir as emoções pela pintura será excelente método de confrontá-las. Não
importa que essas pinturas sejam de todo desprovidas de qualidade estéticas. O
que importa é proporcionar à imaginação oportunidade de desenvolver livre jogo
e que o individuo participe ativamente dos acontecimentos imaginados”.
“Não se trata de fazer arte, diz
Jung, mas de produzir um efeito sobre si próprio. Aquele que até então
permanecia passivo, agora começa a desempenhar uma parte ativa. Lançando sobre
o papel as imagens que viu passivamente, realiza um ato deliberado. Há grande
diferença entre falar sobre imagens de sonhos e fantasias durante uma sessão
analítica, e lutar durante horas com pinceis e tintas para dar forma a imagens
fugidias. Cedo o indivíduo verifica que o ato de pintar o libera de estados
psíquicos de muito sofrimento. Passará a recorrer espontaneamente a este método
e assim irá se tornando independente de seu médico. Dando formas às imagens
internas, simultaneamente, ele se modela a si mesmo”. (Jung C. W. 16, p 48)
“Jung atribui à pintura função
terapêutica. Por intermédio da pintura, ‘o caos aparentemente incompreensível e
incontrolável da situação total é visualizado e objetivado (...). O tremendum é exorcizado pelas imagens
pintadas, torna-se inofensivo e familiar e, em qualquer oportunidade que o
doente recorde a vivência original e seus efeitos emocionais, a pintura
interpõe-se entre ele e a experiência, e assim mantém o terror à distância’. (C.
W. 3, p. 260)”.
(...) “Os processos de autocura serão
favorecidos se o doente sentir-se livre no atelier, não se admitindo coações de
qualquer espécie nem a presença importuna de curiosos”.
Texto - Nise da Silveira - Imagens do Inconsciente – pgs 134, 135
-1981, Alhambra, RJ.
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