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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Palavras de Nise da Silveira _ Metamorfoses e Transformações _ imagens plásticas

Nise da Silveira - Metamorfoses e Transformações * 

“O fenômeno da metamorfose permeia todas as áreas da produção imaginativa do homem. Não poderá, portanto, deixar de possuir profunda significação psicológica. Insistira sobre o lado secreto que une na profundeza todas as coisas – pedra, vegetal, animal, homem, deus? Dará configuração a aspectos da psique que se mantém ocultos nas cavernas da sombra? E quantas coisas mais dirá em linguagem simbólica?” (,,,) 

“M.-L. von Franz, a maior autoridade europeia na pesquisa dos contos de fada, diz que estudá-los seria de certa maneira estudar o esqueleto da psique, pois neles se encontram, desnudadas, suas estruturas básicas.

Os contos de fada são representações de acontecimentos psíquicos. Pertencem ao mundo arquetípico, por isso seus temas reaparecem de maneira tão evidente e pura nos contos de países os mais distantes, em épocas as mais diferentes, com um mínimo de variações. Daí as metamorfoses serem tão frequentes nos contos de fada, dando-lhes um encanto particular. Mostram que as fronteiras entre os seres, nas profundezas da psique, não são irremovivelmente separadas. Príncipes, princesas, personagens diversos são transformados em animais, vegetais, pedras, para recuperarem a condição humana no final dos contos, depois de muitas vicissitudes que exprimem um drama desenvolvido no inconsciente."









Produções plásticas da Casa das Palmeiras _clientes

"No mundo da arte, as metamorfoses sempre estiveram presentes (grifo nosso). A arte gótica, não impondo modelos do real externo, deixando livre a imaginação do artista, fervilha em metamorfose.” (...) 

“Todo ser tende a realizar o que existe nele em potencial, a crescer, completar-se. É o que acontece à semente do vegetal e ao embrião do animal. O mesmo acorre ao homem, quanto ao corpo e quanto à psique. Mas no homem, embora o desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por forças instintivas inconscientes, adquire provavelmente caráter peculiar. O homem será capaz de tomar consciência nítida desse crescimento e mesmo de influenciá-lo. Esse crescimento, muitas vezes difícil e até doloroso, caminha na busca de complementação da personalidade específica de cada um, isto é, daquilo que G. Jung denomina processo de individuação”. (...) 

“É um processo lento. Não adianta pretender acelerá-lo artificialmente. Talvez apenas ajudá-lo na remoção de obstáculos e criação de condições favorecedoras. Jung relata que, vária vezes, encontrou antigos analisados, que não via desde muitos anos e, entretanto, continuavam a ampliar seu desenvolvimento”.

“Jung trabalhava como um empirista de olhar excepcionalmente penetrante. Foi assim que apreendeu, através dos sonhos de seus clientes, não só o processo de individuação que cada um buscava realizar por caminhos não lineares, mas um surpreendente paralelo entre esse processo e o opus alquímico”. 

*O Mundo das Imagens – Capítulo 9 _ pág. 142 e 147, Ed. Ática.1999 (esgotado).

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