Rua Sorocaba 800, CEP 22271-100, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Feliz Natal 2019 ! Votos da Casa das Palmeiras

A Casa das Palmeiras numa bela 
confraternização comemora o Santo Natal - 
Nascimento da Criança Divina.
- o Papai Noel um símbolo de generosidade, acolhimento,
afeto com emoção de lidar.
Agradecemos ao trazer salgadinhos e sucos
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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Nise da Silveira _ 20 anos de ausência _ eterna presença

Dia 8 _ sexta-feira próxima _ clientes, familiares, equipe da Casa das Palmeiras, amigos e amigas estarão reunidos em fraterno encontro ecumênico em memória da humaníssima, libertadora de grilhões que foi nossa querida Dra. NISE DA SILVEIRA.
Casa das Palmeiras, a partir das 15h.  Rua Sorocaba, 800 - Botafogo.
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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Nise da Silveira _ eterna presença!

         Nise Magalhães da Silveira - 15 de fevereiro de 1905 / Maceió/Alagoas - 29 de outubro de 1999 / Rio de Janeiro, RJ.
         Hoje, à tarde, lembramos com profundo afeto a saudosa Doutora Nise da Silveira, na hora do lanche com todos presentes em harmoniosa confraternização.
      Há vinte anos que a saudosa Doutora Nise nos deixou.
      Em outras dimensões, instâncias, ela nos guia com seu imenso Amor Humano! 
                                   Nise Vive!
    Dia 8 de novembro, às 15h, haverá na Casa das Palmeiras uma singela homenagem à Dra. Nise, com encontro ecumênico. 
Informações: 2266-6465 (à tarde das 13h às 17h - durante a semana).
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domingo, 27 de outubro de 2019

Relato de Abraham Palatnik sobre Nise da Silveira

        Dando continuidade às homenagens à querida e inesquecível Nise da Silveira
- 15 de fevereiro de 1905 - 29 de outubro de 1999 - Relato memória - artista plástico   
                                         Abraham Palatnik

      O primeiro contato que tive com os artistas do Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro ocorreu em 1948, por intermédio de Almir Mavignier, e teve para mim importante e surpreendente desdobramento, De um lado, recepção carinhosa da Dra. Nise da Silveira, apresentando-me os artistas e seus trabalhos, ao mesmo tempo que explicava o espírito e a filosofia de sua atuação; do outro, minha absoluta perplexidade diante daquilo que estava presenciando. Foi um impacto que demoliu minhas ideias e convicções em relação à arte.
     Embora tivesse apenas 20 anos de idade, considerava-me um artista consciente, coerente e seguro daquilo que fazia. Diante dos trabalhos de Emygdio, Raquel, Carlos, Diniz, Isaac e outros, entretanto, tiveram a prova e percebi a extraordinária riqueza e potencial criativo imerso em seus subconscientes, e inevitavelmente comecei a comparar e questionar profundamente aquelas minhas convicções à luz da criatividade espontânea desses artistas. A confiança no meu aprendizado e atuação durante quatro anos num ateliê livre de artes plásticas estava desmoronando. A coerência estava com Diniz, com Carlos, com Emygdio; a poesia com Raquel, com Isaac. Fundiam-se imagens e linguagem. Os elementos determinantes da figura e da cor não obedeciam a critérios escolares de composição, sendo na verdade, regidos por códigos outros, relacionados às forças poderosas advindas do inconsciente, códigos esses que viriam a ser exaustivamente estudados e decifrados por Dra. Nise.
      Fascinado e desnorteado, fui pouco a pouco percebendo a importância de conhecer e compreender outros aspectos da forma e da percepção que não aquelas tradicionais, e através do precioso contato com Mário Pedrosa terminei por concluir que era na essência da forma que se armazenava o potencial para atingir os sentidos, cabendo ao artista, enfim, disciplinar a ordem e o caos. A partir daí, desencadeei pesquisas e experiências no campo da luz e do movimento, visando resultados estéticos fora dos padrões usuais e das técnicas consagradas.
    Até hoje me surpreendo, enfim, com a eloquência dos princípios estéticos dos artistas do Centro Psiquiátrico do Engenho de dentro, e com a incontestável autenticidade e beleza de seus trabalhos. Por não estarem contaminados com tendências, influências, receitas e teorias, e a despeito de sua esquizofrenia - e mesmo de uma certa forma beneficiados por ela, por que não dizer! – estamos livres para usar em sua obra aquela fantástica, poderosa e até então aprisionada riqueza de vivências e imagens, com seus símbolos e arquétipos, emergindo do inconsciente com a força, superioridade e presença suficientes para suprir a necessidade vital de se comunicar.

Depoimento publicado na revista Quaternio de 2001 - Grupo de Estudos C. G. Jung / Homenagem à Nise da Silveira.
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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Carlos Drummond escreve sobre Nise da Silveira

          Em 1975, nosso grande poeta - escritor e pensador - Drummond de Andrade se colocou em total apoio à mestra e precursora Dra. Nise da Silveira, em razão da preservação da Obra desta admirável mulher, acima de seu tempo. 
 - Nise da Silveira (15/02/1905 - 29/10/1999) 

                             A  Doutora  Nise*
                                Carlos Drummond de Andrade

       Há visível engano nos registros burocráticos referentes à funcionária federal, Nível 22-A, Dra. Nise da Silveira. Segundo os papéis oficiais, a aludida servidora atingirá, no próximo dia 10 de janeiro, a idade-limite que determina aposentadoria compulsória. A contagem deve estar certa, se baseada em certidão de nascimento. Mas cumpre excluir do total 15 meses em que a Dra. Nise não trabalhou nem viveu a vida normal, pois esteve presa. Seria justo descontar-lhe da idade esse tempo vazio, por um lado, e cheio de angústia, por outro. Graciliano Ramos, nas Memórias do Cárcere, dá testemunho da passagem da Dra. Nise pelo túnel da prisão política, de resto injusta, pois o Tribunal de Segurança acabou por absolvê-la de imaginários crimes. Não lhe  restituiu, porém, o ano e tanto de vida sequestrada, durante o qual, no dizer de Graciliano, fugia-lhes às vezes a  palavra e um desassossego verdadeiro transparecia no rosto pálido, os grandes olhos moviam-se tristes. Atravessando o túnel, era como se ela não existisse mais, tanto que, classificada em 4º lugar no concurso, viu nomeados todos os candidatos até o 3º lugar, com exclusão de sua pessoa. Nise na compulsória? Corrijam os números, senhores escriturários, pois tudo isso conta, e muito, existencialmente.
    Não contou foi no íntimo de Nise da Silveira, para torná-la criatura amarga e revoltada, que daí por diante abominasse o gênero humano. Pelo contrário. Restituída à atividade médica especializada, em cargo público que na aposentadoria lhe proporcionará os proventos de Cr$ 1 mil 740, dedicou-se a uma obra em que o interesse científico é amalgamado com o interesse humano, e toda pesquisa envolve amor ao ser – o ser distanciado da imprecisa fronteira do normal - o fechado em si, o supostamente ininteligível, o  esquizofrênico. Nise debruçou-se sobre a mente cheia de mistério dos que não participavam do nosso modo comum de viver e exprimir-se, e em cerca de 30 anos de observação, estímulo e carinho, extraiu deles alguma coisa profundamente comovedora e de enorme interesse psicológico.
    Seu Serviço de Terapia Ocupacional abriu um caminho para a interpretação de valores obscuros, em potencial no espírito atormentado: o caminho da criação artística. Sem pretensão de formar criadores no sentido que lhes atribui a disciplina estética. Sem querer aumentar o catálogo de nossos pintores, escultores, gravadores. Nise interroga o inconsciente e consegue que dele aflorem as representações artísticas espontâneas, prova de que nem tudo em seus autores é caos ou aniquilamento: perduram condições geradoras de uma atividade bela, a serem devidamente estudadas visando ao benefício do homem futuro, tornando mais transparente em suas grutas interiores.
    Resultado desse trabalho que seduziu outros psiquiatras e discípulos, levando-os a cooperar com a frágil e forte pessoa de Nise, é o Museu de Imagens do Inconsciente, sobre cuja sorte pairam hoje interrogações: não o estando ainda integrado legalmente na estrutura do Ministério da Saúde, embora portaria ministerial de 1973 lhe reconhecesse a existência, que será dele, com a aposentadoria de Nise? Irá vegetar, marcar passo, regredir, acabar melancolicamente?
    Para evitar que isto aconteça, fundou-se a sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente. Não é comum ver-se um funcionário que se aposenta suscitar iniciativa dessa ordem para preservar-lhes as realizações no serviço público. Deve ser mesmo caso único. Para se justificarem como entidade, os amigos do Museu, que são os amigos de Nise, precisam ficar atentos e ativos, não deixando que tal instituição seja roída pela indiferença burocrática. Os museus não valem como depósitos de cultura ou experiência acumuladas, mas como instrumentos geradores de novas experiências e renovação. Só assim deve ser  entendido o maravilhoso acervo de obras recolhidas ao museu que é alma e vida de Nise.
    Do contrário, é o caso de apelar para sua criadora, esquecendo-lhe a aposentação compulsória, no verso do cantor maranhense:
   Nise? Nise?  Aonde estás? Aonde? Aonde?

 *Jornal do Brasil, 4 de janeiro de 1975.
www.carlosdrummond.com.br
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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Quaternio - Revista-livro-memória - Nise da Silveira

Nise da Silveira - 1905, Alagoas -Maceió -1999, Rio de Janeiro - RJ.
                  QUATERNIO - Revista do Grupo de Estudos C. G. Jung - Homenagem à Nise da Silveira, 2001 – à disposição / venda. 


Sumário - A obra científica
- Nise da Silveira: a Paixão pelo Inconsciente (MII).
- Grupo de Estudos e Pesquisas do Museu de Imagens.
- A Casa das Palmeiras.
- O Grupo de Estudos C. G. Jung.
- Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente.
Publicações comentadas
- Obra de Nise – sete artigos de colaboradores na obra de Dra. Nise.
Memorial de pessoas que trabalharam ou conviveram com Dra. Nise
Depoimentos de Abraham Palatinik, Álvaro Gouvêa, Carlos Drummond de Andrade (artigo/jornal), Arthur da Távola,  Bernardo Horta, Domitilla do Amaral, Fauzi Arap, Franklin Chang, Frei Betto, Leon Bonaventure, Marcos Magalhães, Martha Pires Ferreira, Themira Brito, Vanna (Leonardo da Vinci), Vera Macedo, Wilson Coutinho, relatos de clientes – Casa das Palmeiras e muitos outros.
Informações bibliográficas de Nise da Silveira e referências.

Informações - Casa das Palmeiras. Valor: R$ 60,00 (correio adicionar R$ 10,00).  
Tel. (21) 2266-6465 (Sra. Cléia). Rua Sorocaba, 800 – Botafogo (das 13h30 às 17h).

Depósito bancário / compra do QUATERNIO / com envio de comprovante –
Casa das Palmeiras –
Banco Itaú - Agência 9161 Núm. 09906-5.
CNPJ – 33.808.486/0001-48
Atenção - O Grupo - GECGJ - resistente desde sua origem, 1955 (registrado em agosto de 1968), se mantém atuante e vivo, a cada quinze dias, alojado na Casa das Palmeiras, sempre às quartas-feiras. 
Palavras de Frei Betto - contra capa.
Clicar para ler texto. 
Gravura e palavras de José Paixão: 
"Dra. Nise é uma árvore que soube crescer com galhos para todos os lados.
É uma grande árvore sempre com frutos novos.
Velhas folhas "caem" e outras novas vão nascendo.
Ela é quase uma divindade, seu trabalho é um trabalho divino".
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Arthur da Távola - ex-presidente da Casa das Palmeiras
NISE DA SILVEIRA      Arthur da Távola    para o QUATERNIO.
Nise gigante de metrimeio. Nise tinhosa, valente, aguda. Nise terna. Nise felina, arquetípica: “Grande Mãe” com alma de “Puer Aeternus”. Nise memória do cárcere que libertou das ditaduras da psiquiatria tradicional. Nise da aventura maravilhosa de curar. Nise que foi: mais cáctus que manga; mais mel que coca-cola; mais verdade que vacilação; mais queijo de coalho que cammembert; mais Beethoven que Chopin; mais Chaplin que Cecil B. de Mille; mais pífano que harpa; mais franqueza que medo; mais humildade que modéstia.
Nise concreta, Nise brava e forte na fragilidade maior da feminilidade imponente.
Nise mandacaru sempre florido por agudeza e percuciência, expressão estética da ética maior do ser tornado igual.
Nise alma de santa em estilo guerreiro, mescla de forças abissais com sutilezas orientais.
Nise hostil às formas de poder não oriundos do saber. Nise sacerdotiza dos gatos com quem aprendemos a sabedoria milenar do instinto e a rara civilização do sutil. Nise dos cães, seus terapeutas que ajudaram esquizofrênicos a se manifestar e a trazerem de seu pulcro mundo oculto, tanto belezas quanto a possibilidade de alcançar universos que os chamados sadios jamais vislumbrarão.
Nise exação em pessoa como servidora pública exemplar; para quem servir era o único escopo da atividade.
Nise terapeuta ágil, leal e profunda a encadear nas imagens do inconsciente as descobertas de eras imemoriais e do patrimônio comum à humanidade. Nise do inconsciente coletivo, do self anima casado com animus, velho sábio amigo do herói, memória da célula. Nise da arqueologia da mente e dos elos cósmicos além dos racionalismos que infelicitaram o século XX. Nise veraz, luz, claridade, franqueza, ordem direta, o fim da evasiva, o começo da verdade, a verdade final, afinal a verdade. Nise intrépida, retilínea, indômita e audaz. Exemplo de vida!
Nise mãe geral de um Brasil menino e enfermo, pobre e desvalido. Obreira da grandeza civil, desbravadora dos continentes internos, antropóloga das profundezas. Nise asceta, seiva viva, anciã de todas as juventudes, jovem de todas as eras. Nise pássaro, graúna azul, olhar raio x, aguda percepção da falsidade alheia tanto quanto da verdade e do bem igualmente moradores na alma do ser. Nise áspera se necessária e seixo de rio sempre que encontrava alma irmã. Nise Brasil, Nise elo de gerações, marca da capacidade humana de ser, crescer, criar, ousar, aventurar-se no caminho maior da entrega da vida ao bem da humanidade.           
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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Material para os Ateliês _ doações !


Agradecemos doações para o Ateliê de Atividades Plásticas.
Os clientes têm grande prazer em produzir. Precisamos de papeis para desenho, telas brancas, tinta acrílica (cores diversas) e pinceis vários.
Casa das Palmeiras ­_ Rua Sorocaba, 800 _ Botafogo.
Tel. (21) 2266-6465 (de 2ª à 6ª feira das 13h às 17h30).
A equipe da Casa agradece, antecipadamente, aos corações generosos.
Qualquer doação que seja é bem vinda. 

No Facebook da Casa das Palmeiras
                     Ateliê modelagem
Material:
Pastas Grande A2 / Pastas Grande A3 (para arquivos).                                      
Bloco Canson – A4 180 g/m – 200g/m -branco.                           
Bloco A3 Aquarela Canson 300g
Papel cartão Kraft 110g (folha)                          
Papel cartão Kraft 200g (folha)   
Papel cartão Kraft 300g (folha)                             
Cartão Duplex Branco 40kg (folha)                     
Cartolina Branco/cor                                       
Lápis de cor - Pastel oleoso - Pastel seco (caixa 12 cores)                                  
            
Tinta Acrílica Acrilex (Tubo)                                
Pinceis (Serie 414)       
                                      
Tela para pintura 40x50                                       
Tela para pintura 40x60                                      
Tela para pintura 70x90                                     
Caneta Poslka (PC5M) uma branca e outra preta
Caneta Poslka (PC8K) uma branca e outra preta 
Argila 2Kg   //                                                   
Jogo de espátulas para escultura  

                        Nota _ Papeis em geral de cor ou brancos são bem vindos desde que não sejam com desenhos/imagens (Os clientes, eles mesmos, precisam de folhas lisas para criarem suas próprias produções).
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domingo, 4 de agosto de 2019

Astrologia _ Palestra _ 10 de agosto _ sábado

Casa das Palmeiras das 15h às 18h
Benefícios para a Casa -
 (haverá um intervalo e interação com o público)
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sábado, 6 de julho de 2019

Origem do nome Casa das Palmeiras - um olhar para este recanto


Casa das Palmeiras Rua Sorocaba, 800.
      “Começamos a elaborar as normas da nova instituição: Maria Stela Braga, psiquiatra, Belah Paes Leme, artista plástica, Ligia Loureiro, assistente social, e Nise da Silveira, psiquiatra. Para isso nos reuníamos no ateliê de Belah, e foi ela quem encontrou o título CASA DAS PALMEIRAS, visto que o casarão da Rua Haddock Lobo possuía em seu jardim de frente um grupo de belas palmeiras. Assim evitávamos dar à renovadora instituição um nome que de alguma maneira aludisse às doenças mentais, tão discriminadas socialmente.
Com a presença de alguns psiquiatras e numerosos amigos, foi inaugurada a Casa das Palmeiras no dia 23 de dezembro de 1956. A Casa, uma instituição sem fins lucrativos, começou a funcionar imediatamente. Permanecemos no prédio do antigo Colégio La-Fayette até 1968.” 
      Fonte: Nise da Silveira – Casa das Palmeiras, Emoção de Lidar, 1986.
Colégio La Fayette, Rua Haddock Lobo e Casa das Palmeiras Rua Dona Delfina.
    Em 1968 a Casa foi transferida para a Rua D. Delfina nº 39, Tijuca, onde permaneceu neste aprazível local até 1981, quando mudou para a Rua Sorocaba, 800, Botafogo, onde permanece atuante e fiel aos métodos fundamentados por sua idealizadora e fundadora, Nise da Silveira (1905 – 1999). 


 "Casa das Palmeiras um pequeno território livre"
 Ateliês de criatividades expressivas.



 Observação _ Postagem importante para os novos navegantes, internautas, conhecerem as origens deste Oasis no coração do Rio de Janeiro. Espaço aberto a todos, a todos, que precisam de compreensão afetiva em suas dificuldades emocionais, existenciais.  Espaço de acolhimento, criatividade e pesquisa.
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sexta-feira, 28 de junho de 2019

A riqueza das Imagens e palavras de Nise da Silveira.

    Abrimos esta página do Blog com uma frase do grande Mestre de Nise da Silveira, Dr. C. G. Jung:
    “As funções psíquicas, especialmente aquelas que derivam de modo direto do inconsciente e são as mais importantes, constituem a fantasia criadora. Nos produtos da fantasia as imagens primordiais tornam-se visíveis e aqui que o conceito de arquétipo encontra sua aplicação específica”. C. G. Jung. Cw.9, 79. 


     Aqui três obras produzidas no Ateliê da Casa das Palmeiras, em março desde ano, 2019. Cliente, mulher e mãe, que se fez revelar, com intensidade gestual e sensibilidade expressiva, em fortíssimo impacto imagístico. Desenhos espontâneos que surgiram das profundezas do inconsciente.
    Os trabalhos, realizados no Ateliê da Pintura, são arquivados para serem observados em série, seguindo a ordem da produção, sequência do processo criador. Pontual designação científica de Dra. Nise da Silveira como meta para o melhor entendimento, conhecimento, das potencialidades da psique através da produção criativa. As mãos, engendrando imagens, revelando o mundo interno, e, com nos dizia Paul Klee: “tornar visível o que é invisível!”. A imagem é revelação!
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     Frases de Nise da Silveira aqui já mencionadas, entretanto importantes serem transcritas para aprofundamento do público estudioso da psique e os amantes das riquezas imagísticas:
  
    “Produzir imagens expressas em emoções já é por si terapêutico, é remédio. Prefiro as atividades expressivas à camisa de força química. Não que seja contra os remédios, longe de mim, mas sou avessa às doses elevadas de psicofármacos.”

    “O simples fato de pintar despotencializa a angustia dos doentes. Observando as imagens percebe-se, mesmo sem que haja uma tomada de consciência. Eles se sentem mais aliviados. Plasmando com as próprias mãos, a pessoa doente vê que as imagens são menos apavorantes. Vê-se uma considerável melhora na vida pessoal, nas relações externas.”

    “Em matéria de educação não basta conhecer o mundo externo, é necessário tomar seriamente em consideração a função imaginativa ao dar forma a conteúdos do inconsciente.”

    “Para Freud as imagens plásticas são meras projeções do inconsciente, estão lá. Para Jung é bem mais que simples projeções do inconsciente. O fato de desenhar, pintar, esculpir, modelar, já é por si mesmo terapêutico.”

    “Não tenho nenhuma intenção de produzir arte nos ateliês. O inconsciente produz imagens extraordinárias, é de uma riqueza criativa imensa. Não se tem a intenção de forçar produzir trabalhos, mas sim de dar condições, possibilitar estímulos, dar oportunidades de que os doentes possam se expressar plasticamente. As mãos instrumento de trabalho. Nada deve ser forçado.”

    “Tenho orgulho de dizer que transformei o serviço subalterno em serviço de alta categoria. O trabalho que se fazia na Terapia Ocupacional era tudo repetitivo quando fui designada para lá (se referindo quando coordenava as oficinas T.O. do Hospital Pedro II, no Engenho de Dentro, hoje, Instituto Municipal Nise da Silveira). Eles faziam tudo igual todos os dias. Não existe coisa pior. Criamos oficinas de trabalho criativo, nada era repetitivo, e chegamos a criar 17 oficinas expressivas. Tínhamos a pintura e a modelagem como prioridade. Através das imagens podíamos conhecer os processos psíquicos, o que se passa nas camadas mais profundas do ser.”

    “Aprendi mais com a literatura do que com os trados de psiquiatria. Um conto de Machado de Assis, Missa do Galo, exprime com mais clareza e sutileza as coisas do que um psiquiatra. Aprende-se mais com Machado de Assis sobre a natureza humana do que em livros de psicologia.”

    “Gosto de mergulhadores, pessoas que estudam a fundo o mundo interno. A maioria das pessoas tem medo do inconsciente, ficam na superfície. Preciso de mergulhadores com escafandro. Quem quer estudar psicologia que compre um escafandro e mergulhe com o esquizofrênico.”

    “A pesquisa e o estudo a partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem se dedicar intensamente, pois, das imagens surgirão não só revelações sobre o corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história da raça humana”.
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quarta-feira, 8 de maio de 2019

Poesia e pintura - Ateliê de pintura


Eu tenho a
doenssa da loucura
Um louco bondozo
Um louco que não é covarde
Um louco que tem vergonha
Um louco que só faz caridade aus pobres
Um louco que só faz o bem
Um louco que mata a fome dos pobres
Um louco ajudador
Um louco prestativo
Um louco que tem saudades
Um louco que tem sentimento
Um louco inofensivo
Um louco que ama a justissa
U louco ama não se alegra
Com a injustissa
Um louco cheio de longaminidade
Um louco que controla meus apetites
Louco é tudo isso. 
                                 J. F
Poesia escrita á mão, segunda-feira, 6 de maio de 2019, no Ateliê de pintura. Mantivemos total respeito à maneira própria do autor usar a caligrafia, as letras.
 Aqui transcrito fielmente. 
       --  Desenhos recentes deste poeta e pintor - caneta e guache sobre papel.

  

A Casa das Palmeiras mantem viva suas atividades criadoras
 - espaço de afeto com emoção de lidar no convívio fraterno, 
estudos, pesquisa e ciência.
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domingo, 28 de abril de 2019

Atividade terapêutica e criação artística


 Atividade terapêutica e criação artística
                            
                           Martha Pires Ferreira / 2011

          Atividade terapêutica e criação artística são fatores distintos. Terapêutico tem sua raiz na palavra terapia - tratamento. Terapêutico é recurso/meio para aliviar ou mesmo curar uma pessoa de doença, desequilíbrio ou desgaste mental/psíquico, físico e/ou emocional. Terapêutico é um termo da medicina na sua prática.
        Criação artística é dar existência ao que não existe, é dar origem a algo. Simplesmente fazer nascer.
         Atividade terapêutica, ocupação terapêutica, visa proporcionar satisfação, melhora ou recuperação ao doente ou pessoa em estado alterado em sua natureza fazendo-o trabalhar no processo criador, ocupar-se, com algo ativo que proporcione bem estar. Se possível propiciar a cura de alguma pessoa com doença, e, que a possibilite retornar ao seu estado normal de saúde emocional, física e/ou mental.
         O terapeuta médico ou técnico terapeuta, ao conhecer seu cliente, dará um parecer e indicações terapêuticas - encaminhará a pessoa em questão para a análise, psicologia analítica e/ou atividade ocupacional criativa.
           Pintar, dançar, escrever, caminhar, praticar uma atividade física, ouvir música, pode ser terapêutico. É sempre terapêutico fazer uma atividade que nos alivie de tensões, desgastes ou desequilíbrios de nossas funções naturais (seja a função do músico, pintor, filósofo, desenhista ou matemático) nos proporcionando um retornar à vida normal, saudável. Quanto mais criativa for a atividade melhor os resultados.
         Muitas vezes o/a artista caminha pelas avenidas ou jardins, passa horas em silêncio, ouve música ou pratica um esporte como terapia/alívio de tensões para depois retornar às suas atividades criadoras, isto é, pintar, escrever, compor.
          É sempre terapêutico sair da rotina e fazer algo que seja atividade expressiva. Criação artística não pode ser identificada com atividade terapêutica porque demanda um tremendo esforço intelectual, muito desgaste emocional, concentração, imaginação e plena atenção das funções em uso. Não é exercer simplesmente uma atividade terapêutica, é criar. Dar vida a algo inédito, novo. Quanto mais consciente for do processo criador, melhor.   
        Há tanto desgaste no ato criador que por vezes o artista adoece no simples exercício de sua criatividade, quando é preciso procurar um antídoto, procurar uma atividade que o descanse, que o recupere nas suas energias criadoras em exaustão. Por vezes o criador (o/a artista) procura um terapeuta para entender a si mesmo, ficar bem, para poder retornar às suas funções de trabalho.
          Criar não é apenas projetar emoções, alívio, é suor, cansaço. É terapêutico tocar um instrumento, mas tocar não é por si mesmo um ato de criar. Criar exige realizar emocional e conscientemente uma obra inédita. Criar é mais que terapia, é ato criador. É inventar, exercer a função imaginativa em sua originalidade. Mas não podemos negar a criação espontânea, sem intenção. Pode alguém se propor, ou ser conduzido, a uma terapia, e se revelar um criador, um talento artístico. 
         Atividade terapêutica é atividade com a finalidade de tratamento. O artista não faz algo por ser terapêutico, e sim porque deseja, precisa dar origem a alguma coisa. Pode acontecer de precisar fazer análise, um tratamento que vise atividade terapêutica, neste caso ocorrerá outro viés, um antídoto da habitual, como compensação das energias.
            O que caracteriza a arte é a originalidade criadora.
          Para o compositor Carlos Jobim caminhar pelo jardim Botânico era terapêutico na medida em que descansava ao ouvir os pássaros. Convivia com a natureza e depois voltava para o seu piano e refeito voltava a criar - dar existência a algo impensado. Para Jobim tocar piano e compor não era terapêutico, era criar, suar, sofrer no bom sentido, inventar, dar origem a cada nova composição.
          Bach, Pixinguinha, Spinoza, Cesanne, Matisse, Picasso, Paul Klee, Henry Miller, Thomas Merton, Cildo Meireles, Antônio Dias, Manuel Bandeira, A. Einstein, Chico Buarque, Pitágoras, Heráclito, Freud, Carl G. Jung, Nise da Silveira, Machado de Assis, eram/são criadores. Era terapêutico para Jung trabalhar com as mãos, para Spinoza polir lentes e para Nise da Silveira cuidar dos gatos e ficar em silêncio absoluto antes de retornar as suas atividades criadoras.

         No início dos anos setenta eu afirmava em artigo Era de Aquarius: todo e qualquer ser humano é potencialmente um criador. É da natureza humana querer inventar, criar, dar vida a algo original. A criação artística não é o privilégio de um pequeno grupo de artistas, nem o dom de uns poucos – verifica-se que todo ser humano é potencialmente um artista-criador em maior ou menor grau.
 ----    Postagem Martha Pires Ferreira
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