domingo, 27 de outubro de 2013

Nise, 14 anos de ausência e de presença eterna


  Foto: Sebastião Barbosa. 
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Nise a linguagem dos gestos
                                               Carlos Augusto de Araújo Jorge 
          A preocupação de Nise com o outro, com a comunicação, com o respeito à vida se apresenta desde criança, ocasião em que, observando uma lágrima em um dos olhos de uma galinha pedrês, fez com que seu pai ordenasse a mudança do cardápio a ser servido no almoço em sua casa.
          Com esta atenção, Nise, durante sua vida Professional, embora, num meio onde a comunicação verbal era entendida como a única forma de comunicação entre o profissional e o “doente” psiquiátrico, ou simplesmente cliente, com o preferia chamar; Nise não admitia a alcunha de paciente, e em um ato de respeito à pessoa e à ciência, chama a atenção para outras formas de expressão e de comunicação: a linguagem dos gestos. Enfim, desta maneira, se comunicavam as pessoas que viviam “estados diferentes do ser”.
          Nise da Silveira, por mais de setenta anos estudou as emoções que ebuliam no interior das pessoas que se encontravam submersas nas profundezas do inconsciente, pessoas que a ciência oficial taxava de “anafetivas”, e, ao garimpar e possibilitar outros canais de comunicação iniciou uma grande revolução na psiquiatria mundial. Foi observando o outro, suas ações, seus gestos, que entendeu os dramas que estas pessoas estavam a viver. Nise entendeu os gestos, decifrou os gestos, e por fim, enquanto enferma, antes de viver sua grande e última aventura, pois assim definiu a morte, ensinou a todos nós, seus amigos, a linguagem dos gestos. Traqueostomizada, porém lúcida, e muito lúcida, durante dias e dias nos fez entender tudo o que desejou apenas com as mãos e os olhos. 
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Nota – o negrito é nosso.
Carlos Augusto de Araújo Jorge – médico psiquiatra e do trabalho. Foi presidente da Casa das Palmeiras. Texto Homenagem / Quaternio de 2001 – pág. 74, Revista Nº 8 do Grupo de Estudos C. G. Jung.

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