sábado, 27 de agosto de 2011

A Esquizofrenia - Edgar Tavares

Pintura
Modelagem

Tapeçaria - Costura

Música

______________________________

Edgar Tavares - Médico Psiquiatra da Casa das Palmeiras - 2/10/2010


A Esquizofrenia
Um estudo de Eugen Bleuler, Carl Gustav Jung e Nise da Silveira
No início do século XX, o suíço Eugen Bleuler escrevia seu volumoso trabalho Demência Precoce ou O Grupo das Esquizofrenias. Foi o mesmo Bleuler que denominou Esquizofrenia, palavra com raiz grega, que significa mente dividida (psique cindida) e que procurou dar um fundamento psicológico à psiquiatria, da mesma forma que a medicina clínica procurava fundamentá-la na fisiologia.
A esquizofrenia é uma doença, geralmente, Crônica, sendo a dissociação e a problemática afetiva os sintomas principais, embora muitas vezes em ambiente acolhedor que estimule a criatividade esses sintomas melhorem muito, evitando-se assim novas internações, principal objetivo da Casa das Palmeiras. O próprio Bleuler reconheceu que o termo demência nunca foi tão inadequadamente utilizada como na Esquizofrenia, no sentido de decadência da inteligência, afetividade e criatividade. Doentes que passaram anos internados em hospitais psiquiátricos permanecem com a criatividade e a afetividade, muitas vezes, vivíssimas.
Jung introduziu na psiquiatria as idéias de Freud referentes à interpretação dos sonhos, atos falhos e sintomas neuróticos. Aplicou-as à decifração dos desconexos delírios dos esquizofrênicos. “O método de Freud da análise e da interpretação dos sonhos trouxe-me grande luz para compreender as formas de expressão esquizofrênica”.
Num lugar como a Casa das Palmeiras é possível estudar as imagens dos esquizofrênicos e assim compreender melhor o mundo interno desses doentes com o pré-verbal, a pré-palavra. Podemos assim praticar a psicoterapia em psicóticos, observando-os na modelagem, pintura, desenho, colagem, jardinagem, tapeçaria, costura, música e tantas outras atividades expressivas. Podemos assim pesquisar psicoterapias que não sejam apenas as do consultório e do neurótico.
Freud via que pintar ou desenhar era útil para compreender o mundo interno, mas não como tratamento. Jung via que a criatividade era também terapêutica.
Para quem deseja estudar a esquizofrenia e o inconsciente recomendo que leiam dois livros básicos: Imagens do Inconsciente e O Mundo das Imagens de Nise da Silveira aí estão magistralmente sintetizados os estudos de Bleuler e Jung sobre a esquizofrenia, e mais ainda: a contribuição original de Nise da Silveira para a compreensão dessa doença tão complexa.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

GRUPO DE ESTUDOS G. JUNG

Dora Maar - 1937 óleo sobre tela, 92 x 65 cm -Musée Picasso. Paris
L'atelier du sculteur - desenho, 1933 - Musée Picasso - Paris.


Dia 31 de agosto, quarta-feira


CASA DAS PALMEIRAS
Término da leitura da obra de C. G. JUNG
O Espírito na Arte e na Ciência
Picasso
Com mostra iconográfica sobre obras de Picasso
Horário: Início às 19h / término às 20h30.
Local: Rua Sorocaba, 800 – Botafogo
Inf.: Tel. 2266-6465 (das 13h às 17h) / 2242-9341
O GRUPO DE ESTUDOS É GRATUITO
* Está aberto ao público em geral *



Em 14 de setembro iniciaremos de Nise da Silveira


O MUNDO DAS IMAGENS


_____________________________

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fotografia na Casa das Palmeiras





Fotos de A. Fotos de C.





Fotos de T.

Foto de W.

A reativação da atividade fotográfica através da implantação de um Atelier de Fotografia na Casa das Palmeiras tem propiciado, nesta etapa experimental, conexões com muitas práticas e pesquisas que estão sendo realizadas de maneira sistemática no tocante as relações entre fotografia e terapêutica. Sobretudo surge da demanda dos próprios clientes, que tem com essa linguagem mais afinidade, contemplando-os com a possibilidade de se expressar por essa via, podendo se entrecruzar com todos os outros ateliers. Uma atividade sempre enriquece outra.
Atualmente participam com bastante frequência da atividade fotográfica 6 clientes/aprendizes. Sendo que a quantidade de imagens produzidas por cada um varia muito e o modo de capturar as imagens também. Podem ir do preciosismo geométrico de A. até a hiper aproximação de C., que se apropria das colagens já feitas no Atelier de Colagem, enquanto T. chega a fazer quase 20 imagens em séries e J. se entende melhor com a máquina analógica e faz uma foto por vez. De outro modo, W. experimenta teleobjetivas de longo alcance, enquanto D. solicita frequentemente ser fotografado.
Tendo na Fotografia uma modalidade alinhada aos processos ocupacionais terapêuticos, que tem como base o afeto catalisador e a emoção de lidar, propõe oferecer aos usuários da Casa da Palmeiras mais um instrumento criativo, através do qual possam se expressar de forma imagística com espontaneidade. Buscamos através da afinidade com essa linguagem plástica desenvolver o trabalho de assimilação sensório-afetivo-motora que a Fotografia propicia em sua prática. Neste caso temos na Fotografia em si um instrumento terapêutico bastante peculiar, visto que toda imagem fotográfica testemunha estado interno e afetivo face à realidade visível, concreta.
Simultaneamente intenta-se propiciar a contemplação das imagens realizadas como um meio privilegiado de mobilizar emoções internas, face às imagens suscitadas pelo real fotografado. Propiciando ainda a interatividade entre as pessoas da Casa, bem como o reforço dos laços afetivos e da própria identidade. E deste modo promover mais uma forma de contato com os conteúdos simbólicos, que os clientes possam vir a manifestar através desse novo meio de confronto com o mundo das imagens.
Colaboradora - Rosane Barata (fotógrafa e artista plásita)
__________________________________________________

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Poesia

Tema da atividade Arranjo Floral
Amor
Hoje, 8 de agosto de 2011- autora - G.


Amor com amor se constrói
Quando não é correspondido dói
A quem olhe e não é olhado corrói
O amor sentido nunca destrói
Aquele que olha e ama se alegra
O amor nunca é brega
O amor é uma entrega
E no nosso coração se prega
Todos os dias o amor renasce
Num completo enlace
Que ele me amasse e me abraçasse
O amor é vida
Muito merecido
É o começo e o fim da partida.

_________________________

sábado, 6 de agosto de 2011

A emoção de lidar na Oficina Teatral



“Toda Criatura humana, seja em que estágio estiver, em que condições viver, tem necessidade de criar e comunicar o que criou. [ ] É através deste processo que todo mundo subterrâneo vem à tona, pode ser manipulado e transformado em algo belo ou não, mas que satisfaz a quem criou, pela liberdade que traz.” (Hilton) *
A Oficina de Teatro ocorre, na Casa das Palmeiras, todas as quintas-feiras, às 16h40. Os clientes da Casa encontram no tempo-espaço da linguagem teatral, um modo criativo, lúdico e prazeroso de revelar no corpo, na voz, no gesto e na emoção, os seus conteúdos que emergem do mar profundo do inconsciente. As imagens internas revelam-se em representações no espaço cênico. No Teatro, a bela complexidade da ferramenta corporal humana torna-se o veículo criativo para a expressão dos recônditos da alma humana. Cada mínimo gesto, som, ou mesmo a ausência de um (ou de ambos), aparecem amplificados e recheados de significações. E é justamente por essa natureza, que esta arte faz-se propulsora de efeitos terapêuticos.
A Arte Teatral é um grande ritual em si. A atividade desenvolve-se intuitiva e livremente em abertura ao ato criador, porém, dentro de um planejamento objetivo. O espaço é organizado em semicírculo sugerindo uma ‘semiarena’ teatral. Essa pequena adaptação já é um movimento importante por inserir clientes, colaboradores e estagiários automaticamente na solenidade misteriosa do ‘rito’ teatral. Uma vez neste universo presente, são propostas variações de exercícios desta linguagem, que exploram minuciosamente a riqueza do ser humano (respeitando-se limites), além do tempo reservado para a livre expressão – onde os clientes podem usá-lo espontaneamente e apresentar suas próprias criações.
Durante o ano, peças curtas são realizadas dentro do calendário de celebrações tradicionais, tais como Festa da Primavera, Junina e Natal. São sempre momentos de incontida emoção. Os clientes se entusiasmam e sentem-se motivados a apresentarem suas criações coletivas aos seus familiares e aos amigos da Casa. Motivação que se expande em seus anseios por participarem cada vez mais do fazer teatral. Estas apresentações também possuem sua relevância por gestos de sociabilidade.
A participação dos clientes é espontânea. Pode ocorrer de, naturalmente, os primeiros contatos de um cliente com o Teatro ser no local de apenas observador, sem envolver-se fisicamente com as propostas. E deste mesmo modo, estará participando com efetividade (noutra espécie de envolvimento) do universo teatral. Cada pessoa tem seu tempo próprio de assimilar as demandas deste fazer, para então sentir-se confiante e motivada a participar e doar-se ativamente.
O trabalho desenvolvido nas Artes Cênicas não visa formação de atores.
Na experiência individual e coletiva teatralizada, o afeto catalisador ganha lente de aumento. Avoluma-se em voz, intensidade, corpo, toque, melodia, contato com o outro, ritmo, emoção e total liberdade! A alma tonifica-se em sua verdade e dá saltos livres sobre o ‘nosso tablado’!
“A criatividade é o catalisador por excelência das aproximações de opostos. Por seu intermédio, sensações, emoções, pensamentos, são levados a reconhecerem-se entre si, a associarem-se, e mesmo tumultos internos adquirem forma.”
Nise da Silveira. **

*/ ** (Silveira, Nise da - “Casa das Palmeiras – A emoção de lidar – Uma experiência em Psiquiatria”)
Patrícia Gois (Colaboradora – Teatro)

______________________________