Numa daquelas maravilhosas quartas-feiras,
no Grupo de Estudos C. G. Jung, Dra. Nise da Silveira nos fez um relato muito
interessante sobre o gato Mestre Onça e Teilhard de Chardin.
Contou-nos:
- um gato que uma empregada havia
encontrado e levado para a Casa das Palmeiras, mas ao casar se ausentou. Resolvi
leva-lo para minha casa já com o nome de “oncinha”, por ser rajado, malhado
como uma onça. Estava entre nós para nos ensinar. Lembro-me agora de um fato de
um padre francês, católico, e ao que chamo ‘teste Teilhard de Chardin’. Uma
amiga de Chardin procurou-o para uma conversa e mencionou sobre um conhecido em
comum; ela estava preocupada com o amigo, desconfiava de que ele tivesse
desvios de caráter. Decidira consultar o padre para saber o que ela achava a
respeito e se ele poderia ajudá-la. Ele respondeu: ‘É muito fácil. Para tirar a
dúvida, na próxima visita desse amigo em sua casa, ponha um de seus gatos no
colo dele. Se o gato permanecer no colo, pode confiar. Se afastar-se, você deve
se afastar desse amigo’. E Oncinha nos ensinou isso na prática, de diversas
maneiras.
- por ocasião de uma reunião do condomínio
do prédio, que se passou aqui em casa (no quinto andar, onde estávamos
ouvindo-a), veio o representante da Administradora. Oncinha estava presente à
reunião. De repente, ouviu-se um grito. Logo, o representante apresentou a
perna com a meia empapada de sangue. Foi preciso que minha acompanhante fosse
pagar remédios para o curativo. Aquilo era atípico, os gatos que tive (cheguei
a ter 23) nunca fizeram isto. Naquela situação Oncinha deu seu veredito: o
administrador na valia a roupa que vestia.
- tive um problema complicado nos gânglios,
bem na base do meu queixo e que me dificultava respiração correta. Remédios e
mesmo Yoga não resolviam, não melhorava. Acontece que um dia estando no quarto
e observando Oncinha percebi como ela respirava, profundamente até a barriga, e
estando deitada. Inspirava e respirava com a barriga e eu só na altura do
peito. Percebi que precisava respirar como o gato. Então, deitei-me igual ao
gato, na horizontal e de lado. Passei a respirar corretamente. Contei este
ocorrido para minha professora de Yoga e ela me disse: “certo! Imite o gato!”.
- como Oncinha me havia dado tantas lições
resolvi rebatizá-la, passou a se chamar Mestre Onça. Sempre foi um grande
amigo. Cuidei dele nos seus últimos dias, sempre ao seu lado, com doença óssea
que eu mesma diagnostiquei.
- meu livro O Mundo das Imagens eu dedico
em memória ao gato Mestre Onça com reverência.
Nota – amigos/as que acompanhavam a sábia
Nise escreviam o que ela ia relatando, ao pé de página.
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