quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Casa das Palmeiras, Feliz Aniversário! 59 anos

 Nise da Silveira 
Casa das Palmeiras - Tijuca em dia de Festa 
 Jornal - O Binóculo, 1961
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Hoje, 23 de dezembro de 2015
 a Casa das Palmeiras completa 59 anos de resistência.
Feliz Aniversário!
           Botafogo - Rua Sorocaba, 800

 Breve Histórico 

A Casa das Palmeiras é um pequeno território livre: Nise da Silveira
Casa de convívio afetivo, de criatividade, de pesquisa e de ciência.

          A Casa das Palmeiras é uma Instituição Civil de Reabilitação Psiquiátrica com Terapêutica Ocupacional - Emoção de Lidar - em regime aberto. Foi idealizada por Dra. Nise da Silveira, fundada por ela com a colaboração da psiquiatra Maria Stela Braga, da assistente social Lígia Loureiro da Cruz, da educadora Alzira Lopes Cortes e da artista plástica Belah Paes Leme, na presença de muitos amigos, num domingo à tarde, dia 23 de dezembro de 1956.
          Nise da Silveira havia verificado que era muito grande o índice de reinternações nos hospitais do Centro psiquiátrico Pedro II onde trabalhava - Engenho de Dentro, RJ. Cerca de 60 a 70% dos doentes que melhoravam voltavam para suas casas em pouco tempo retornavam para o hospital com novos surtos psicóticos. Isto a preocupava muitíssimo.
          Tantas reinternações mostravam um nítido sinal de que necessitava de se repensar o tratamento oferecido pela psiquiatria vigente. Dra Nise percebeu que um dos erros era como esta saída do hospital se dava, entre outras coisas não oferecer qualquer preparo adequado ao cliente que retornava à sua casa, ao mundo externo. Logo acabavam os sintomas mais graves do surto psicótico o indivíduo tinha alta. Não se levava em consideração as bases da própria vida psíquica. Foi pensando nestas questões, que levam ao retorno aos hospitais, que Dra. Nise desejou procurar um espaço possível, para servir de ponte, entre as internações nos hospitais e a vida de família, na sociedade.

          A psiquiatra Maria Stela Braga conseguiu junto ao colégio La-Fayette, na Rua Haddok Lobo nº 296, na Tijuca, RJ, um espaço cedido pela educadora Alzira Cortes, inicialmente num vão largo junto à escada e depois numa pequena sala no 2º andar do colégio. Funcionou neste local até 1968, quando foi transferida para uma ampla casa cedida pela CADEME, MEC, na Rua Dona Delfina nº 36, no mesmo bairro, graças aos esforços da amiga e diretora administrativa, Adriana Coutinho. Com o apoio e a colaboração de muitos amigos, leilões de Artes Plásticas, e doações, a Casa das Palmeiras passou a ser sede definitiva, neste mesmo local. “Em 29 de maio de 1969 esta instituição inaugurou sua sede própria” (Quaternio nº2 - 1972, RJ, pág. 92), na presença de clientes e seus familiares, mais de duzentas pessoas ao lado da diretoria e da fundadora, diretora técnica, Dra. Nise da Silveira. Em 1981, em razão de a casa estar em péssimo estado por ter sofrido um desabamento do telhado e com gastos operacionais muito altos a Sra. Maria Antonieta Franklin Leal fez transferência do imóvel para o bairro de Botafogo à Rua Sorocaba, 800, onde permanece até o dia de hoje, com a presença em escritura pública, na presença de Dra. Nise da Silveira e Dra. Alice Marques dos Santos, vice-presidente.
           A Casa não segue padrões convencionais de reabilitação. É um pequeno território de relações humanas afetivas e de atividades criadoras onde os clientes têm a oportunidade de, espontaneamente, realizarem seus trabalhos expressivos, individuais e coletivos, lhes facilitando a entrada em contato com a vida. Os trabalhos dos ateliês de atividades plásticas são assinados, datados e arquivados para serem estudados em série. Método científico inspirado na prática da criatividade e a partir da observação com os próprios clientes, e, enriquecidos com a Psicologia Analítica de C. G. Jung. Prescritos por Nise da Silveira.
          Desde a sua fundação, funciona em regime de externato das 13h às 17h30, em dias úteis. Sempre com o cuidado de evitar internações ou reinternações, a Casa atende cerca de 30 clientes (tendo atendido número maior), proporcionando ambiente de afeto e acolhimento fraterno sem nenhum tipo de discriminação. As atividades individuais e em grupo são respeitadas quanto às tendências e necessidade de cada um particularmente.
          A Casa das Palmeiras é pioneira na América Latina e inovadora na história da moderna psiquiatria. Reconhecida de utilidade pública pela lei número 176 de 16 de outubro de 1963.
          Este modelo de tratamento com terapêutica ocupacional, “território livre”, de portas abertas, surgiu em razão dos hospitais psiquiátricos, até há pouco tempo, manter seus clientes encerrados, por curto ou longo período. Alguns hospitais até por anos, este modelo de Casa serviu de inspiração para que o Ministério da Saúde, seguindo recomendação da Organização Mundial de Saúde, implantasse a construção de novos dispositivos para o tratamento da saúde mental: Hospitais Dia, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Lares de Abrigados e Ateliês de Terapêuticas Ocupacionais.
          A Casa das Palmeiras obteve a Renovação da Inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social em 23 de outubro de 2008 - Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro.
         Nise da Silveira foi pioneira na aplicação das atividades plásticas como eficiente método terapêutico, tendo o desenho, a pintura e a modelagem como “carros chefes” no tratamento Terapêutico Ocupacional aos clientes em grave estado psíquico e afetivo, enriquecidos com outras atividades expressivas como a xilogravura, artes aplicadas (bordado, crochê, tricô, bijuteria, corte-costura e tear), jardinagem, arranjo floral, encadernação, música, dança, coral, poesia, expressão corporal, contos de fada, teatro, lanche, passeio, cinema, clube Caralâmpia, grupo cultural, grupo filosófico, jornal, festas e outras criações afins. Este método terapêutico Dra. Nise designou por Emoção de Lidar, dado que torna clara a relação afetiva e emocional que o cliente estabelece com cada material de trabalho: tintas, lápis, grafite, lápis cera, caneta esferográfica, vários tipos de papeis, cola, barro, lã, linha para bordado, tecelagem e costura, flores e cuidar do jardim, teatro, corpo, etc. Cada material proporciona uma sensação diferente, novas formas de expressão e reorganização interna.
          “Quando existe um alto grau de crispação do consciente, muitas vezes somente as mãos são capazes de fantasia. Elas modelam ou desenham figuras que são muitas vezes completamente estranhas ao inconsciente.” C. G. Jung, cw13, 17.

          A equipe técnica possui como norma básica permanecer atenta aos anseios de criação, às expressões de cada cliente durante as atividades, e anotar discretamente. Tudo passa a ser matéria de pesquisa e ciência: cada atitude, modo de ser - sejam em silêncio, gestos ou palavras.  Levam-se em conta as observações nas relações com os familiares e as pontes com o mundo externo.  
           Terminamos este histórico com estas proféticas palavras de Nise da Silveira:
          “A pesquisa e o estudo a partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem se dedicar intensamente, pois, das imagens surgirão não só revelações sobre o corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história da raça humana.”
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Doações são bem vindas para a Feliz Manutenção 
Casa das Palmeiras
CNPJ 33.808.486/0001-48
Banco Itaú – Agência 9161 - Conta 09906-5
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Rua Sorocaba, 800, Rio de Janeiro, RJ
22271-110 Botafogo / Rio de Janeiro –
Tel. (55) (21) 2266-6465
 CASA de Emoção de Lidar com ternura, partilha, estudo e pesquisa.
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Um comentário:

  1. Felicidades! muito legal! indo ao rio verei vocês quem estiver na Casa
    saudades, fernanda

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