sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Linguagem plástica

Desenho III - pastel oleoso - 21 x 29 cms. / set. 2010
Desenho II - pastel oleoso - 21 x 29 cms. /set 2010.
Desenho I - pastel oleoso - 21 x 29 cms. / set 2010.

Textos de Nise da Silveira

Revista Ano Zero /Entrevista - n.º 5 - Setembro de 1991- RJ. Anotações de caderno (MPF) . Revista quaternio 1973 - RJ.

“A linguagem plástica é uma forma de expressão. Eu não chamo de arte, nem de longe tal pretensão. Não garanto que sejam artistas os trabalhos das pessoas que freqüentam os ateliês. Não sou eu quem decide se é arte ou não. A função do trabalho não é artística, é expressiva. Atividade expressiva das emoções, dos conteúdos internos. Não gostava do nome “terapêutica ocupacional”, foi quando um cliente na Casa das Palmeiras, na oficina de trabalhos manuais, tocando vários novelos de lã ele disse: como é gostoso amassar... trabalhar com tecidos é a emoção de lidar. Então pensei: eureka! Preferi em vez de terapêutica ocupacional adotar daí em diante emoção de lidar. Muito importante que o monitor ajude ao doente a descobrir a beleza do material com que trabalha.”
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“Sabemos muito pouco da mente, da natureza psíquica, das emoções. Desenhar, pintar, modelar, gravar, depois colocar os nomes, datar os trabalhos e guardá-los em série estas imagens plásticas para pesquisa é ter a possibilidade de um dia, no futuro, se chegar a uma compreensão mais clara e profunda do mundo interno destas pessoas tão enigmáticas, tão misteriosas. A ciência sabe muito pouca a este respeito. E o método para se aproximar de um conhecimento revelador é basicamente o pré-verbal. Temos oficinas de encadernação, carpintaria, música, teatro, dança, mímica, botânica, bordado, costura. Atividades expressivas podem apontar os caminhos da vida interna.”
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Palavras de Nise que eram, insistentemente, repetidas para todos durante anos:
“Nosso enorme acervo de nada servirá, será coisa morta, se não for estudado. Cabe a vocês esta tarefa, que exige ter diante de si muitos anos pela frente. Cuidar, defender este patrimônio. Estudar, desenvolver nossos métodos de pesquisa, tornando-os mais sistematizados e precisos, acompanhando sempre o desenvolvimento da ciência, que não para nunca. Vocês não perderão seu tempo. Estas imagens surgidas do inconsciente, do mundo primordial, têm muitas coisas a revelar sobre o dinamismo da vida psíquica e sobre os mistérios da atividade criadora.”
Revista Quaternio, 1973 - RJ.
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