segunda-feira, 28 de junho de 2010

Doações – sempre bem vindas!


A Casa das Palmeiras e todos que ali trabalham e produzem são muito gratos pelas doações que recebem para o sustento da Casa. Em sua grande maioria é formada de colaboradores e estagiários/as voluntários. A Casa não recebe subvenções financeiras de órgãos públicos ou mesmo de empresas particulares.
A Casa se sustenta com DOAÇÕES de familiares de alguns clientes, sócios e amigos que acompanham o sonho de Nise da Silveiras por tantos anos - Obra tão humana, criativa e reveladora do mundo interno de todos que desfrutam das atividades individuais e em grupo.
Usamos: Tinta guache e acrílica, lápis cera comum e a óleo, grafite 4b e 5b, bastões de pastel, caneta nanquim 03, 04, papéis de várias texturas - 90 g. 120g 180g. / Canson, Vergé, Filipaper, A4 e A3 para o ateliê de Desenho e Pintura. Papéis lisos e coloridos para o ateliê de Colagem. Usamos argila para a Modelagem e em breve retornaremos as atividade de Xilogravura.
De 15 em 15 dias flores são compradas para a atividade Arranjo Floral.
Estes tipos de materiais são sempre bem vindo!
OU

CASA DAS PALMEIRAS
CNPJ 33.808.486/0001-48

Banco ITAU
Agência 9161
Nº 09906-5

Venha nos conhecer– marcar horário/ Tel. (21) 2266-6465.
Visitas das 14h às 17h.
Rua Sorobaca, 800 - Botafogo.
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sábado, 26 de junho de 2010

Imagens do inconsciente

M. E. / Desenho - lápis cera - 2010.
C. / Colagem e lápis cera - 2009.
J./ Pintura em guache - 2010.
R./ Pintura em guache - 2009.
Cl./ Pintura em guache - 2010.
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Ateliê vivo da Casa das Palmeiras -
imagens que emergem das profundezas do inconsciente.
Toda a riqueza imagística que surge do interior revela a autêntica biografia de cada criador.
Nise da Silveira gostava de citar Goethe: "só se aprende com aquele a quem se ama". O afeto catalizador é o mais precioso recurso dos colaboradores e estagiários/as ao lado das pessoas que trabalham/produzem no ateliê; ajudando apenas quando necessário; possibilitando sempre condições das pessoas/clientes realizarem seu processo criativo - dar forma às imagens do inconsciente.
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domingo, 20 de junho de 2010

Jardinagem

A atividade de Jardinagem se dá mais como conservação do jardim. Os clientes são sempre acompanhados de colaboradores para orientar no corte das folhas, com novos plantios e mesmo regarem as mesmas. Como qualquer atividade esta necessita de quem tenha inclinação para os cuidados e com naturalidade estimular o interesse pelas plantas.
A primeira providência ao iniciar esta atividade foi comprar a melhor terra em razão de boa quantidade de plantas terem sido doadas. Os vasos de barro grandes, médios e pequenos foram reativados com nova terra e receberam novas mudas. Na sua maioria vários tipos de folhagens. Algumas suculentas que preferem o Sol, não necessitam de água. Trabalho que vem sendo feito desde início de 2006, nas horas livres, sem horários determinados.
Poucos clientes se interessam por cuidarem das plantas. Uns seis a oito são mais constantes em participar da jardinagem, sempre com muita delicadeza e atenção afetuosa para com a natureza. Uns tem receios de sujar as mãos, outros só observando de longe embora acompanhando todo o movimento façam observações práticas como: “é preciso cortar esta folhagem”, “tirar aquele galho velho”, “é preciso remover a terra deste vaso”. Outros sem medo de segurar a tesoura e cortar o que é preciso. Um cliente muito introvertido fica de longe observando atentamente os movimentos da poda, o remover a terra ou quando se rega as plantas.
Dar um passeio no jardim em momentos de tensões ou ansiedades é sempre terapêutico. Um convite à pessoa para dar um passeio pelo jardim de mãos ou braços dados observando as folhagens, os brotos novos que surgem, ou simplesmente uma silenciosa caminhada mobilizando despertar um olhar mais dirigido para a vegetação ali presente, um olhar para a realidade viva que é a natureza.
Algumas vezes nos reunimos para conversarmos sobre a natureza das plantas, assim como sobre as verduras, os legumes, as árvores. Como as sementes que germinam crescem e tornam-se árvores com florações e seus saborosos frutos. Cada um pode expressar com entusiasmo ou com calma, as frutas que mais gostam e mesmo as que detestam e não suportam o cheiro ou sabor. A conversa, também, recai em relação à natureza das flores - O Floral é uma atividade muito alegre na Casa da Palmeiras, e a Jardinagem é outro instrumento terapêutico com excelentes resultados na psicologia da esquizofrenia - nas palavras de Nise -"estado alterado de ser".

Um cliente disse: “As árvores suportam tudo, verão, inverno, ventania, tempestade... as árvores aguentam tudo.”
Ano passado em 2009 iniciamos uma pequena horta no lado lateral da Casa; alecrim, manjericão, boldo, salsa e três pés de limoeiro. T. é pessoa sempre interessada cuidar da horta. Sempre alguns clientes participam esta atividade com interesse. Observamos que a terra precisa ser renovada.

Uma observação muito profunda é antiga e sempre lembrada na história da Casa - palavras ditas por José Bastos: “A planta ensina que é preciso ser paciente para crescer...”

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domingo, 13 de junho de 2010

Imagens do inconsciente






Desenhos do ateliê de pintura / 2010 -
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Mostra dos trabalhos entre os próprios criadores.
Espaço em que cada um expõe suas obras e dialoga com seus pares sobre a realização dos mesmos. Onde as trocas de opiniões se fazem espontâneas; o silêncio da observação contemplativa e a palavra estão presentes.
Um ateliê vivo - todos se interagem neste momento do olhar voltado para rever a sua própria produção, assim como a dos seus companheiros/as das atividades plásticas.
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Acervo da Casa das Palmeiras
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Texto de Nise da Silveira

Introdução do Catálogo da Exposição – Museu de Arte Moderna – 1975.

Centenário de C. G. Jung – Imagens do Inconsciente.

Quem estudar demoradamente série de imagens pintadas por esquizofrênicos ficará convencido de que na produção plástica está o caminho menos difícil para acesso ao mundo interno desses seres tão herméticos.

Quando à imagem se conjuga a informação verbal tudo se simplifica bastante. Uma imagem abstrata, com linhas quebradas justapostas cerradamente, foi traduzida pelo autor, como representação de ambição. A mesma pessoa em pintura a que deu o nome de “árvore das emoções” revelou código de significação das cores que poderá servir de guia no estudo de suas pinturas. Para ele amarelo é glória; rosa, amor; branco, ânsia; marrom, paixão; azul profundo, ciúme. Sem a pintura seria pouco provável descobrir-se que no intimo daquele homem de aspecto humilde e face à primeira vista impassível permanecessem guardadas secretas ambições nem que no seu mundo interno tivesse raízes uma árvore de intensas emoções.

A pintura revelará muito sobre a maneira como o individuo apreende as coisas, sobre sua visão do mundo. Esta visão depende, em principio, de suas vivências do espaço. A semiologia psiquiátrica tradicional é muito pobre na investigação das perturbações das vivências do espaço. É necessário reconhecer no espaço dimensões subjetivas que o farão parecer claro ou escuro (E. Minkowski). No espaço claro (não se trata de luz física) há distância, há espaço vazio, livre, entre os objetos que se apresentam com suas delimitações nítidas. No espaço escuro, também não se trata de luz física, mas de uma sensação de envolvimento, do individuo sentir-se apertado, oprimido pela obscuridade. Os objetos de tanto estarem próximos imbricam-se, interpenetram-se, resultando daí uma visão caótica do mundo. O estudo atento dos casos na pintura de esquizofrênicos levará o pesquisador a verificar que não está diante de rabiscos tumultuosos lançados a esmo que lhe permitam usar as etiquetas de “deterioração” ou de “demência”, mas de um caos em sentido bíblico, ou seja, da massa confusa de onde todas as coisas tiveram origem.

É comovedor acompanhar, através de centenas de pinturas, os esforços enormes que um homem faz para retirar os objetos do caos, pinçá-los por assim dizer, enquadrá-los para prendê-los, até conseguir dispô-los em arranjos bem próximos daqueles exigidos na faixa da realidade. É o que chamamos a busca do espaço cotidiano.

Até ai nos movemos em áreas bastante próximas do consciente. Mas não tem medida as profundidades da psique que a produção plástica livre de esquizofrênicos nos poderá fazer vislumbrar.

Fragmentado o ego, desorganizadas as funções de orientação do consciente, caídos os cliques que mantinham o inconsciente a distância, revela-se a psique subterrânea, deixando descoberta sua estrutura básica e permitindo que se tornem perceptíveis seus processos arcaicos de funcionamento dos quais se originam os temas míticos (mitologemas).

Foi precisamente a experiência com esquizofrênicos que levou Jung para além das camadas superficiais do inconsciente, dos conteúdos reprimidos que constituem o principal material de trabalho na análise de neuróticos, conduzindo-o a regiões da psique ainda inexploradas.
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