sábado, 17 de outubro de 2009

Entrevista com Nise da Silveira (1905 -1999)


Do Caralampismo à Emoção de Lidar -
Uma abordagem não ortodoxa da esquizofrenia

Revista Ano Zero / setembro de 1991 – RJ.
Trechos:

Ano Zero – Dra. Nise, Artaud dizia que “o ser tem estados inumeráveis e cada vez mais perigosos”. A esquizofrenia seria uma doença ou um estado do ser?
Nise da Silveira – Um estado do ser.
(...)
AZ – Um dos seus pacientes...
NS – Nada de pacientes! As pessoas.
(...)
AZ – A senhora se refere à esquizofrenia como um mergulho profundo. A cura seria resgatar o indivíduo deste mergulho, reestabelecendo seus contatos com a realidade?
NS – Certa vez um rapaz esquizofrênico, que já estava em situação razoável, na Casa das Palmeiras tinha dúvidas “Eu vou me curar?” Eu lhe perguntei o que ele chamava de cura e ele me respondeu que estar curado seria voltar ao trabalho. Ele era escriturário e eu lhe disse: “Nem sonhando! Eu quero que você seja muito mais do que um escriturário”.
(...)
AZ - A Casa das Palmeiras não tem escriturários?
NS – Não. (...) A casa não visa lucros comerciais, não é uma fundação, não tem convênios e nem os quero. No Jornal O Estado de São Paulo saiu algo engraçado, mas verdadeiro, o que é raro em jornal. Publicaram o meu retrato, dizendo: “Ela prefere ser uma loba faminta a um cão na coleira”.
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