Soneto ao Gato
Para a psiquiatra – poeta Nise da Silveira,
com a devida licença de Olavo Bilac
“Ora (direis) falar com gatos! Certo
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto,
Que esses esquivos felinos, decerto
Têm uma verve clara e cheia de encanto.
E sem malícia digo isso, porquanto
Sou testemunha, assisto de bem perto
Aos colóquios constantes – Ah, que espanto!
Bichanos com Nise: são um livro aberto.
“Loucura, insensatez”, direis agora
“Que diálogo com eles essa dama
Tem? Em que língua fala essa senhora?”
São conversas sutis, transcendentais
Na linguagem de Assis, que nos inflama
Só entende quem ama os animais.
Agilberto Calaça
-Diretor da Casa das Palmeiras – 2002/2004.
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