Jader Britto *
Lá pelos idos de 70 do século passado, reunia-se o Grupo de Estudos C. G. Jung sob a coordenação da psiquiatra Nise da Silveira, em apartamento situado à Rua Marques de Abrantes, no bairro de Botafogo. Toda quarta-feira às 8h30 da noite íamos chegando, sempre encontrando a presença dos gatos (Vivaldo, Abadessa etc.) que ocupavam de início todos os tambores em volta da longa mesa retangular.
A cada ano, o grupo elegia determinada obra de Jung de especial interesse pela atualidade do tema para leitura e troca de idéias. Em dada ocasião, optou-se pelo texto “O homem à descoberta de sua alma”. Em meio às discussões, interveio a Dra. Nise para ilustrar a busca de integridade psíquica com uma pequena história vinda do Oriente.
Conta a Dra. Nise:
_ Numa cidade do interior da velha China, ocorreu uma terrível estiagem. Os rios, as barragens, os açudes iam secando; o gado, as cabras, os bodes, a vegetação, tudo ia morrendo. O povo passava fome; com as crianças desnutridas intensificava-se a mortalidade infantil. Diante de tamanha calamidade pública, a Câmara de Vereadores se reuniu procurando uma solução. Um dos vereadores sugeriu que se contratasse um “fazedor de chuva” que atendia em centro mais desenvolvido da região. A Câmara autorizou o vereador a fazê-lo. Ao chegar à cidade o fazedor de chuva, o Prefeito perguntou quanto cobraria para realizar o milagre da chuva. Respondeu ele: a soma acertaremos depois. Por ora, faço duas exigências: que me arranjem um lugar afastado da cidade, uma pequena cabana onde possa repousar e que me tragam diariamente um pão e um copo dágua. Atendidas as exigências, o fazedor de chuva, sozinho na cabana, concentrou-se em profunda meditação.
Passados 15 dias, as chuvas chegaram, os rios botaram água, os açudes sangraram, o verde voltou à paisagem, os animais se reanimaram, a alegria voltou às ruas.
A Câmara de Vereadores prestou todas as homenagens ao Fazedor de Chuva e quis saber dele como havia conseguido o extraordinário milagre.
Respondeu ele: Ao chagar a esta cidade encontrei as pessoas completamente angustiadas, as mentes perplexas, alteradas, divididas, neuróticas. Naquelas circunstâncias pedi o que de melhor vocês podiam oferecer e com maior sacrifício: uma cabana tranquila, o pão e um copo dágua. Distanciado da neurose coletiva, concentrado, meditando, estava imune às tensões vividas pelo povo. Recebia o que precisava. E como estava inteiro, com a MENTE EM PAZ NÃO DIVIDIDA, naturalmente fui atraindo as coisas boas. As Chuvas chegaram até mim e por extensão a toda a cidade e região.
Conclui a Dra. Nise: Enfim, a divisão interna, a neurose, é a principal causa de nossos desajustes, de nossa infelicidade. Ai está a moral da história.
A cada ano, o grupo elegia determinada obra de Jung de especial interesse pela atualidade do tema para leitura e troca de idéias. Em dada ocasião, optou-se pelo texto “O homem à descoberta de sua alma”. Em meio às discussões, interveio a Dra. Nise para ilustrar a busca de integridade psíquica com uma pequena história vinda do Oriente.
Conta a Dra. Nise:
_ Numa cidade do interior da velha China, ocorreu uma terrível estiagem. Os rios, as barragens, os açudes iam secando; o gado, as cabras, os bodes, a vegetação, tudo ia morrendo. O povo passava fome; com as crianças desnutridas intensificava-se a mortalidade infantil. Diante de tamanha calamidade pública, a Câmara de Vereadores se reuniu procurando uma solução. Um dos vereadores sugeriu que se contratasse um “fazedor de chuva” que atendia em centro mais desenvolvido da região. A Câmara autorizou o vereador a fazê-lo. Ao chegar à cidade o fazedor de chuva, o Prefeito perguntou quanto cobraria para realizar o milagre da chuva. Respondeu ele: a soma acertaremos depois. Por ora, faço duas exigências: que me arranjem um lugar afastado da cidade, uma pequena cabana onde possa repousar e que me tragam diariamente um pão e um copo dágua. Atendidas as exigências, o fazedor de chuva, sozinho na cabana, concentrou-se em profunda meditação.
Passados 15 dias, as chuvas chegaram, os rios botaram água, os açudes sangraram, o verde voltou à paisagem, os animais se reanimaram, a alegria voltou às ruas.
A Câmara de Vereadores prestou todas as homenagens ao Fazedor de Chuva e quis saber dele como havia conseguido o extraordinário milagre.
Respondeu ele: Ao chagar a esta cidade encontrei as pessoas completamente angustiadas, as mentes perplexas, alteradas, divididas, neuróticas. Naquelas circunstâncias pedi o que de melhor vocês podiam oferecer e com maior sacrifício: uma cabana tranquila, o pão e um copo dágua. Distanciado da neurose coletiva, concentrado, meditando, estava imune às tensões vividas pelo povo. Recebia o que precisava. E como estava inteiro, com a MENTE EM PAZ NÃO DIVIDIDA, naturalmente fui atraindo as coisas boas. As Chuvas chegaram até mim e por extensão a toda a cidade e região.
Conclui a Dra. Nise: Enfim, a divisão interna, a neurose, é a principal causa de nossos desajustes, de nossa infelicidade. Ai está a moral da história.
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* Jader Brito – educador. Colaborador na obra de Nise nos anos 70; fundador do Museu de Imagens do Inconsciente e integrante do Grupo de Estudos C. G. Jung.
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Olá,
ResponderExcluirSou apaixonada pelo trabalho desenvolvido pela grande drª Nise.
Recentemente, estive lendo sua biografia; ela foi uma mulher além do seu tempo,em todos os sentidos, pois foi muito corajosa, vencendo os preconceitos da época e colocando em prática aquilo que acreditava ser o correto.
Minha filha é uma Terapeuta Ocupacional e também ama o que faz.
Necessitamso de muitas "Nises" para ajudar a minimizar o problema do doente mental, que neste país, ainda é visto como alguém incapaz de expressar seus sentimentos de forma criativa e, até mesmo, se autoconhecer e lidar com suas limitações, através de terapias prazerosas.
Lúcia