domingo, 6 de abril de 2008

Texto de Nise da Silveira


Jung dá máximo de valor à função criadora de imagens. Na sua psicoterapia, desenho e pintura são considerados fatores que podem contribuir para o processo de auto-evolução do ser.
Quando o neurótico já está em condições de sair do estado mais ou menos passivo de dependência das interpretações do analista, Jung o induz à ação, isto é, pede-lhe que desenhe ou pinte as imagens de sonho que mais o impressionaram. Não se trata de fazer arte – trata –se, na expressão de Jung, de “produzir uma eficácia viva sobre o próprio individuo”. “Dar forma material à imagem interna, obriga a considerar atentamente cada uma de suas partes que poderão deste modo desenvolver toda a sua força evocadora”. Correntemente, a pessoa detém-se sobre as imagens de seus sonhos apenas durante a sessão analítica. Logo depois é absorvida no tumulto cotidiano. As imagens esvaem-se. Outra coisa será tentar captá-las sobre o papel, lutando com pincéis e cores e tanto melhor quanto for o esforço e tempo dedicado a este trabalho. O indivíduo necessitará cada vez menos de seu analista. Descobre-se, por sua própria experiência, que a formação de uma imagem simbólica libera-o de uma condição de sofrimento e o ajuda a galgar outro nível de consciência, torna-se independente por auto criação, isto é, dando forma a suas imagens internas ele se modela simultaneamente a si mesmo.
O que acaba de ser dito refere-se a neuróticos e a todos aqueles que buscam o desenvolvimento de sua personalidade, a própria individuação.

Revista Quatérnio, 1973, págs. 131 e 132.
******
Aqui na Casa das Palmeiras as produções plásticas são nomeadas, datadas, arquivadas e observadas em série nas supervisões. Material importante para estudos.
A Casa das Palmeiras é uma casa de convívio afetivo e social, de atividades expressivas, de pesquisa das imagens e de ciência.
Aos poucos a Casa está recuperando estruturalmente a filosofia e os princípios deixados por Nise da Silveira.
******

Nenhum comentário:

Postar um comentário