Produções plásticas recentes nos ateliês da Casa das Palmeiras
Modelagem - Desenhos com pastel seco, lápis cera oleoso, caneta hidro cor, guache, bico de pena- nanquim e lápis de cor.
Produções espontâneas que emergem das profundezas do inconsciente de pessoas especiais, psiquicamente, que se revelam com alto índice de sensibilidade emocional.
Palavras de Nise da Silveira:
“O nosso trabalho não visa criar artistas, é
um tratamento através das atividades plásticas. O olhar, as mãos, os gestos
podem me dizer alguma coisa. Sempre estive próxima de artistas plásticos (...).
Não sou artista, mas como todo mundo, gosto de arte. Tenho vários livros de
arte aqui na minha biblioteca. Meu interesse pela expressão plástica é mais no
sentido da procura das expressões mais profundas do inconsciente. A linguagem não
verbal diz muito mais que a verbal.”
“Quando estive em Zurique, em 1957, por
ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria, ao cumprimentar Jung, ele
me disse: ‘A pintura de seus doentes me causou estranheza, e fiquei nesses dois
últimos dias pensando porque. Elas são diferentes de outros expositores’. E ele
me disse que pinturas do primeiro plano eram pinturas de doentes com alterações
psíquicas, mas que o fundo de algumas pinturas o perturbou porque havia ali uma
diferença entre o fundo dessas pinturas e a de outros. Que este fundo não era
doente, por ser demasiado harmônico para ser de pessoas que estavam com
distúrbios psíquicos. Eu fiquei estatelada ouvindo. Ele me perguntou em que
condições eles pintavam para que houvesse essa diferença. Respondi que pintavam
em ambiente livre e de maneira espontânea. Perguntou se eu tinha medo do
inconsciente, respondi que não, mas respeito. ‘Trabalha com pessoas que não tem
medo do inconsciente’, foi o que ele acrescentou.”
“Devo ao meu encontro com Jung o interesse
pela mitologia. Quando conheci Jung falei das minhas dificuldades em
compreender as ideias delirantes dos doentes e me queixei das incompreensões
dos outros e a minha própria em relação às imagens desenhadas ou pintadas. Ele,
fumando o seu cachimbo, me olhou atento e depois de um tempo, meio longo, me
disse: ‘como você não pode entender as imagens que você expôs. Elas falam a
linguagem dos mitos. Você estudou mitologia? Respondi que não, o que sabia era
muito superficial, não era matéria a ser estudada. Ele me disse; ‘Se você não
conhece os mitos não pode entender os delírios dos doentes, a pintura que eles fazem’
Fiquei gelada. ‘Essas figuras vem do fundo do inconsciente. A linguagem do
inconsciente é a linguagem mitológica.’ Passei a estudar mitologia a partir das
pinturas de Adelina que disse desejar se flor. Adelina viveu o mito de Dafne.
Foi meu primeiro caso de estudo de mitologia.”
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Vejam, escutem Nise nos três links, início de julho...... muito bom.