segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz passagem 2012 / 2013 !



Que o Novo Ano de 2013 traga, como tem sido estes anos, belas e felizes realizações na Casa das Palmeiras; novos horizontes caminhando fieis à trajetória de Nise da Silveira;
que mãos criativas com “Emoção de Lidar” nos surpreendam com  produções imagísticas repletas de riquezas emergindo das profundezas do inconsciente; mãos teçam, tricotem, bordem e costurem com prazer, modelem, desenhem e pintem com eternas surpresas;








que a dança, a música, as flores, o teatro, os grupos de cultura, jornal, trocas filosóficas e a fotografia tragam sempre harmonia e sorrisos;
que leituras, poesia, passeios e jardinagem nos preencham de sentido interno e externo;
que lanches, círculos e papos de amizades, festas e contos de fada traçam encantamentos e renovações constantes;

que cada dia seja novo e promissor, criativo e pleno, em satisfações pessoais por todo o ano de 2013, e para sempre.

domingo, 23 de dezembro de 2012

56 anos - Casa das Palmeiras


Violino abertura da Festa de Natal - dia 14 de dezembro de 2012.
Seguindo o sonho de Nise da Silveira, a Casa das Palmeiras, comemora, hoje, dia 23 de dezembro seus 56 anos de resistência, de vida ativa, de acolhimento e partilha aos mais sofridos mental e emocionalmente. A simplicidade franciscana é mantida na Casa como Nise teceu com sua sabedoria, sua visão profética e estimulo ao lidar com as produções criativas em cada ateliê/oficina.
Não é apenas Jesus de Nazaré quem renasce a cada ano no coração do mundo, é a Casa das Palmeiras com seus propósitos e realizações, vencendo tempestades e bonança. Momentos fáceis e outros mais difíceis. Em seu processo alquímico é retrabalhada em suas fases com coragem, dedicação, sacrifícios e muita alegria com os resultados terapêuticos ocupacionais. Todos que atuam na Casa contribuíram para tanto e outros que generosamente, também, ajudaram de alguma forma.

A Festa de Natal, como todos os anos, foi de surpresas com produções plásticas natalinas, música, violino, teatro, lembrancinhas, salgados, doces, sucos... Os amigos e sócios que compareceram ficaram muito felizes. Agradeceram comovidos pela beleza fraterna e criatividade da Festa.




presépio
Confraternização serena e com alegria. 
A todos somos gratos e desejamos um Feliz Natal e realizações plenas para 2013.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Arranjo Floral


Clientes da Casa das Palmeiras e toda a equipe agradecem à 

De quinze em quinze dias temos a Atividade Floral
que é muito requisitada pela beleza e aroma das flores que a Girassol Flores nos envia.



Feitos os arranjos, cada pessoa expressa seu pensamento e emoção escrevendo num papel uma frase.
Dezembro de 2012  - cada um fotografou seu próprio jarro.
“As flores sempre encantam a vida na Casa das Palmeiras”

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Atividade Círculo Filosófico - 2012


           O Círculo Filosófico é uma das atividades de grupo da Casa das Palmeiras. É realizado na grande varanda de Modelagem, nas segundas, segundas-feiras de cada mês, depois do lanche, com intuito de aproximar clientes com dificuldade de participar de propostas realizadas em comum. Tendo como objetivo, essencial, a reflexão sobre assuntos da vida cotidiana ou das ideias em geral, as mais profundas. Oportunidade de organização do pensamento.
          Democraticamente cada um tem a sua vez de fala, reflexão; clientes e estagiários/as, assim como colaboradores. Todos se pronunciam de alguma forma, com ordem e atenção, sobre o assunto escolhido como tema. São aproximadamente seis, oito ou  mais clientes, e toda a equipe do dia.
          O próprio grupo, por vezes, escolhe o assunto a ser abordado. Geralmente é proposto pelo coordenador visando necessidades a serem trabalhadas, desenvolvidas, no campo do pensamento e das emoções. Por exemplo, como tema, refletir sobre a palavra silêncio (a primeira que abordamos), Vida, Alegria, Amizade, Flores, Animais, Corpo, Cotidiano: da manhã à noite, Alimentação, Passeio, Música. Assuntos que possam oferecer estímulos às reflexões tendo como base a realidade, concreta ou abstrata, com harmonia e coerência.
          Trabalhamos neste ano de 2012 em assuntos referentes ao próprio dia a dia – ao acordar, o que se faz, pela manhã, almoço, lanche e à noite. Observação de si mesmo. Como é o café da manhã? O que mais gosta de almoçar? E à noite como usa o tempo? Fins de semana o que costuma fazer? Como é o dia de cada um? As respostas são repletas de informações e troca de ideias calorosas com humor, alegria e espanto, dependendo das falas, geralmente tomadas de emoção e curiosidades.
          O simples fato de se reunir para conversar, com certa ordem, tempo para cada um, tem-se os melhores resultados como objetivo do exercício de convívio afetivo e partilha.
          Não se trata de uma roda de falações eventuais onde cada um fala o que bem quer desordenadamente. Fala-se o que se deseja, sim, mas no fio condutor do assunto escolhido no dia. Importante manter certa coerência; o fio do assunto a ser refletido, procurando manter organização intelectual do início ao fim. Cuidados para não haver dispersões. A concentração e a plena atenção ao assunto a ser refletido são essenciais, importantes, para os melhores resultados terapêuticos; organização do pensamento e satisfação anímica. Atividade muito apreciada pela silenciosa conversa informal em harmonia com as ideais. Atividade onde os mais calados, silenciosos, introvertidos, ouvem e opinam, espontaneamente, demonstrando prazer pelo olhar e discreto sorriso.      
 Ateliê de Modelagem - varanda,
onde a Atividade Círculo Filosófico acontece uma vez por mês.             

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mãos Criativas

 modelagem - argila
modelagem 
 colagem

Modelagem 2012
                           Mãos criativas de Jorge Eduardo Barbosa Vianna (17/9/1942 - 20/11/ 2012)
Eterna saudades!

Palavras de Nise da Silveira - 
"Jung vê nos produtos  da função imaginativa do inconsciente auto-retrato do que está acontecendo no espaço interno da psique, sem quaisquer disfarces ou véus, pois é peculiaridade essencial da psique configurar imagens de suas atividades por um processo inerente à sua natureza. A energia psíquica faz-se imagem, transforma-se em imagem". 

"O que importa é o indivíduo dar forma, mesmo que rudimentar, ao inexprimível pela palavra: imagens carregadas de energia, desejos e impulsos. Somente sob a forma de imagens a libido poderá ser apreendida viva, e não esfiapada pelo repuxamento das tentativas de interpretações racionais".

"Atravessando várias etapas, integrando opostos, chegar-se-á, através desse embate, à individuação, o que significa cada um tornar-se o individuo que realmente é em rascunho original"
Obra: O Mundo das Imagens, Ed. Ática, S.P. 2001 - págs. 85,86 e 87.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

domingo, 18 de novembro de 2012

A Psicologia da Esquizofrenia segundo C. G. Jung


                                                                                             Nise da Silveira

            A psiquiatria foi o ponto de partida de C. G. Jung. E permaneceu objeto constante de suas cogitações. Com efeito, aos 32 anos publicou um livro com o significativo título de A Psicologia da Demência Precoce (1907) e um de seus últimos trabalhos foi apreciação de conjunto sobre a Esquizofrenia (1957), quando constava 82 anos de idade. Entre estes dois marcos capitais distribuem-se numerosos estudos referentes à esquizofrenia, que se acham reunidos no 3º volume de suas Obras Completas.
             (...)
          A. A. Brill, freudiano ortodoxo, tradutor da edição inglesa de Psicologia da Demência Precoce, classifica este livro “pedra angular da moderna psiquiatria interpretativa”.
          Já em Psicologia da Demência Precoce e Conteúdo das Psicoses ressaltam características marcantes do pensamento junguiano quanto à vida psíquica em geral. Se Jung dá o máximo de esforço para desvendar as significações encerradas nos desafiantes sintomas da esquizofrenia, não o faz só por curiosidade científica. Ao mesmo tempo acentua que as múltiplas manifestações da doença se originam de atividades psíquicas comuns a todos os seres humanos, apenas liberados de freios e formuladas sob forma simbólica na loucura.
          Na última página de Conteúdo das Psicoses, escreve: “Nós, pessoas sadias, com os dois pés na realidade, vemos somente a ruína do doente neste mundo, mas não enxergamos as riquezas da face da psique voltada para o outro lado”. E adiante, continua:“Embora estejamos ainda longe de conseguir explicar todos os entroncamentos daquele mundo obscuro, podemos afirmar com segurança completa que na demência precoce não existe sintoma alguma sem base psicológica, sem significação. Mesmo as coisas mais absurdas são símbolos de pensamento não só compreensíveis em termos humanos, mas que habitam também o íntimo d e todos nós. Na loucura nada se descobre de novo e desconhecido: estamos olhando os fundamentos de nosso próprio ser, a matriz dos problemas nos quais nos achamos todos engajados” (3). Se esta posição fosse aceita pela psiquiatria, evidentemente daí decorreriam mudanças totais na relação médico-psicótico e o tratamento psiquiátrico tomaria rumos novos.
(...)
Já que os conteúdos típicos do mundo subterrâneo psíquico são sempre “material sadio, convém sublinhar que a palavra psicopatologia, em linguagem junguiana, refere-se ao comportamento autônomo desses conteúdos, à intensidade excessiva de sua carga energética, à violência entra os opostos peculiares à estrutura básica da psique, à maneira como se contaminam entre si, às mil formas de suas recíprocas associações. E sobre tudo ao avassalamento do consciente por tais conteúdos, situação que perturba gravemente o contato com a realidade.
            A psicopatologia junguiana é “uma ciência que mostra aquilo que está acontecendo na psique durante a psicose” (22). Note-se, entretanto, que Jung nunca usa a expressão psicopatologia da esquizofrenia, mas escreve constantemente psicologia da esquizofrenia. Já seu primeiro livro (1907) tem o título de Psicologia da Demência Precoce. Nas Memórias Jung diz que, escrevendo aquele livro, seu objetivo “era mostrar que os delírios e alucinações não eram sintomas específicos da doença, mas também tinham uma significação humana” (23).
     Nos escritos posteriores continua empregando a expressão psicologia da esquizofrenia. Em Conteúdos das psicoses demonstra que todas as manifestações da esquizofrenia, delírios, estereotipias, etc., são susceptíveis de compreensão psicológica do mesmo modo que os sonhos de neuróticos ou de pessoas normais. O que varia é a complexidade da trama de elementos e a dificuldade de separar fios condutores dentro do emaranhado de fragmentos de dramas arcaicos dos quais somos de uma ignorância lamentavelmente quase total.
     Em resumo, segundo Jung, será necessário “para compreender a natureza das perturbações psíquicas situá-las dentro do contesto da psique humana como um todo” (24).
   
     1 – Jung, C. G. - C. W. 3.
     2 - Jung, C. G. – Memories, Dreams, Reflections, p. 146
                           Panthon Books, New York, 1963
3 – Jung, C. G. – C. W. 3 p. 178
     22– Jung, C. G. – 18, p. 353
     23- Jung, C. G. - Memories, Dreams, Reflections, p. 110
                                Pantheon Books, New York, 1963
    34 -Jung, C. G. 9, p. 55.

Fonte bibliográfica:
   Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente.
    Apostila / 1º semestre de 1980 - RJ  - pgs.65-72 
Nota: Observa-se que Nise lia as obras de Jung na língua inglesa. As traduções para o português década de setenta em diante. Obras completas, Editora Vozes, Petrópolis, RJ.
________________

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Relato de mais um feliz dia


O portão se abre, são 13h, é segunda-feira, mais uma semana de criatividade expressiva na Casa das Palmeiras. Dia de reencontro com os amigos e convívio afetivo.
O ateliê de modelagem, colagem, artes aplicadas e pintura estão prontos para serem usados no início da tarde. Com naturalidade quem chega se aproxima em torno das mesas escolhendo um lugar.

Dia 22 de outubro foi solicitada criação coletiva; desenhos feitos em grupo, em duas folhas grandes de papel. À disposição lápis cera, pastel, caneta hidrocor e nanquim, grafite ou aquarela.
Em silêncio, em torno da grande mesa, os criadores escolheram o material a ser usado e realizaram seus desenhos. Alguns fizeram comentários sobre a produção e outros se mantiveram em quietude.
Pelo olhar verifica-se a satisfação com a realização do trabalho. Sempre um espanto diante da obra.
Alguns usuários terminando seus desenhos ofereceram seus lugares, dando espaço para outros, que chegando e motivados, também, se deram direito de expressar imagens que brotam espontâneas das profundezas do incosnciente.
Às 14h30, depois de um cafezinho, servido pelos próprios clientes, com ajuda de uma estagiária/o, tivemos a atividade de Arranjo Floral onde se organizam flores naturais nas jarras. Aproveita-se para escrever frases livres ou com algum tema e prender na jarra colocando o próprio nome. Contemplam os arranjos com a graciosidade das flores. Cada um tem seu tempo de mostrar e dizer algo sobre o trabalho executado. Recebem aplausos pela criação. Tendo todos se pronunciado, terminando, pode-se oferecer o arranjo a alguém ou simplesmente enfeitar a Casa.
Às 15h30 o Lanche é servido com alegria e partilha.
Depois do lanche tivemos o dia da Poesia com Augusto Sérgio Bastos que maravilhosamente colabora na Casa das Palmeiras, desde 2005, trazendo sempre novidades em riquezas poéticas.
Sempre na quarta segunda-feira. No mês de outubro fomos presenteados com poesias de Carlos Drummond de Andrade – pequena homenagem.
É com respeito e plena atenção que a poesia se faz presente e viva.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Léon Bonaventure sobre NISE


Joias que oferecemos aos leitores
Na revista Quaternio, nº 8, Homenagem Nise da Silveira – Grupo de Estudos C. G. Jung, 2001, Rio de Janeiro - o terapeuta Leon Bonaventure, belga, Doutor em Psicologia, vivendo no Brasil, São Paulo, , escreveu belo testemunho que publicamos, na íntegra, com o seu consentimento.
Léon - importante divulgador dos fios da psicologia analítica de Jung.

Bandeirante do mundo interior desconhecido
Léon Bonaventure

          Em 22 de março de 1967, durante o tempo da escala do navio Eugênio C no Rio de Janeiro, Jette, minha esposa, e eu tivemos o nosso primeiro encontro com o Brasil ao visitar a Dra. Nise da Silveira.
Ao sair da casa dela precisei de um longo tempo para me situar em relação ao impacto que esse encontro tinha me deixado.
          A Terra Mãe brasileira tem dado à luz grandes mulheres que marcaram e transformaram o Brasil, isto logo percebemos e Dra. Nise da Silveira, sem dúvida, foi uma delas.
          Antes de conhecê-la pessoalmente, já na Suíça, sabia que era uma psiquiatra muito considerada pelo próprio Dr. Jung que a tinha elogiado pelo seu “grande valor”.
          Suas pesquisas e observações, o imenso material colecionado do mundo imaginário de seus pacientes, “as imagens do inconsciente”, foi uma contribuição preciosa para termos uma nova compreensão do mundo da psicose e da psicologia em geral do ser humano.
          Essas imagens, quaisquer que sejam, quando são expressões espontâneas, devem ser consideradas como fotografias vivas do mundo interior no qual vivemos e com o qual tão facilmente nós nos identificamos. Em casos extremos somos submergidos no mundo dessas imagens, chegando a perder o contato com a realidade empírica do mundo quotidiano e com a nossa própria identidade; esses casos extremos geram o que na psicologia moderna chama-se psicose, pessoal (individual) ou coletiva.
          Como psiquiatra do Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro, atendendo principalmente indigentes, Dra. Nise da Silveira sabia mais do que qualquer um de nós, que a única maneira de aliviar o sofrimento e o drama interiores de seus pacientes era ajudá-los a tentar se relacionar com essas forças interiores que se expressam sob forma de imagens.
          Permitir ao inconsciente se expressar através da pintura (por exemplo) poderia ser o primeiro passo para dar forma e objetivar a realidade interior das pessoas submergidas no mundo das imagens: forma de criar condições para restabelecer a relação sujeito-objeto. O grande interesse que Nise da Silveira tinha para as imagens do inconsciente, quer fossem sonhos, pinturas ou esculturas, não era antes de tudo estético, mas existencial pois tinha a necessidade de compreender a situação de seus pacientes aonde eles estavam consigo mesmo.
          Como se sabe, que não existe desenvolvimento sem relacionamento com o outro, a aprendizagem de se relacionar com as imagens interiores passa necessariamente e durante um longo tempo, pelo intermediário do relacionamento com o outro. Mas, quando a relação de confiança primordial foi gravemente afetada, ou mesmo destruída, como parece ser muitas vezes o caso dos psicóticos, a relação existencial com o psicoterapeuta se torna quase estéril ou simplesmente impossível. O que fazer? Há muito tempo, a Dra.Nise fez uma observação de grande implicação terapêutica quando ela observou que o único relacionamento que certos pacientes seus chegavam a estabelecer de maneira espontânea era com animais. Assim, um cachorro, um gato, um pássaro de estimação ou um cavalo, podiam constituir um intermediário entre o paciente, o psicoterapeuta e o mundo exterior.
          Um dia eu acompanhei Dra. Nise numa visita a seus pacientes e qual não foi minha grande surpresa de ver que um certo contato humano com a Dra. Nise se estabeleceu através de um dos cachorros que andavam com ela. Volta-me ainda a imagem do cachorro se aproximando de seu paciente indigente, totalmente apático, perdido em seu mundo abismal, e começando a lamber o rosto dele. Nesse momento se podia perceber como um esboço de um brilho humano, e ver o paciente crônico começar a conversar com a Dra. Nise. Nesse momento era como se pudesse haver um início de volta ao mundo da dignidade humana; bem aventurado cachorro!
          A vida de Nise da Silveira foi uma vida dedicada incondicionalmente a aliviar o sofrimento dos mais pobres, presos nas entraves das forças gigantescas do mundo inconsciente. Claro que não é possível salvar alguém que se está afogando em alto mar ficando simplesmente a olhar da praia – é preciso mergulhar e, junto com o desesperado procurar se confrontar com forças maiores que se encontram nele mesmo e que de certa maneira o dominam. De qualquer jeito qualquer que seja o preparo e a boas intenções de salvar a vida, é preciso que quem mergulhe tenha um amplo conhecimento do mar, e também que saiba evocar os deuses e os santos para serem favoráveis que tudo se passa sob “uma boa estrela”. Não importa qual seja a ajuda, mas é preciso ser amparado tanto por uma força superior, como estar ancorado no mundo para não afogar junto com o outro.
          Nise da Silveira encontrou essa força na figura de Jung. Tanto em seus escritos quanto, na forte relação de simpatia que tinha com ele. Ela me disse que quando o encontrou, foi como se tivesse encontrado um ponto de referência estável. Foi um parceiro de viagem ideal para navegar nesse mar agitado do Inconsciente.
          A grandeza dessa mulher que foi a Dra. Nise, que, porém era de aparência miúda, foi ela ter sido animada pelo mesmo espírito que Jung. Era uma paixão para penetrar neste mundo que tomava conta deles. Viveram com todas as suas implicações o grande Espírito que nos anima e que dá à grandeza vida sua grandeza.
          Nise da Silveira faz parte da geração dos pioneiros da Psicologia Moderna: uma verdadeira bandeirante do mundo interior desconhecido. Esse novo mundo está sendo esbravejado, mas é infinitamente maior e mais rico do que a terra das Américas esbravejada pelos bandeirantes. Precisa, no entanto ser humanizado e habitado.
____________________________

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Frases de Nise da Silveira


Anotações em torno da incomparável Nise da Silveira em Grupos de Estudos ou conversas informais. Algumas já foram aqui publicadas. Retomá-las é manter a chama acesa.

“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade.”

“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.”

“Para começar a estudar é preciso, de início, capinar. Capinar, capinar, capinar... intensamente. Somente, após longo trabalho de capinação é que você poderá trocar o ancinho por um longo pente, e passá-lo sedosamente nos cabelos de uma mulher.” Para o psicólogo Vicente Saldanha, quando ainda estudante e estagiário de Nise.

“A contaminação psíquica é pior que piolho. Vai passando de uma cabeça para outra, numa rapidez incrível. E, como você sabe todo mundo já pegou piolho.”

“Há no meu temperamento essa fúria. Quando eu quero uma coisa, eu insisto. Todo o dia, sem falta, eu levantava cedo, pegava o ônibus e ia trabalhar em Engenho de Dentro. Todo dia, todo dia... Nada me tirava daquele caminho.”

“Desprezo as pessoas que se julgam superiores aos animais. Os animais têm a sabedoria da natureza. Eu gostaria de ser como o gato: quando não se quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não tem papo.”

“Eu me sinto bicho. Bicho é mais importante que gente. Pra mim o teste é o bicho, se não passar por ele, não tem vez. Freud disse que quem pensa que não é bicho, é arrogante.”

O psiquiatra inglês Ronald Lang, estando no Brasil e conhecendo, pessoalmente, a Doutora e sua obra, ficou profundamente tomado de emoções e encanto. A Doutora se viu seduzida por ele e dizia com sutileza: “O Laing era um gato.”

“Estamos socialmente condicionados a considerar a imersão total no espaço e no tempo exterior como coisa normal e saudável. A imersão, no espaço e no tempo interior, tende a ser considerada um afastamento antissocial, um desvio inválido, patológico per se e, de certo modo, desabonador. Para mim, faz muito mais sentido, como projeto de urgência desesperada em nossa época, explorar o espaço e tempo interiores da mente”. “A contribuição de Laing (Ronald) foi a exploração do espaço interior”.

“Eu não me atrevo a definir a loucura”.

“Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles”.

“A obra de arte para Freud fundamenta-se nos condicionamentos individuais do criador, e o Jung encara a obra de arte como uma produção superpessoal.”

“Quando descobri a unidade da matéria e da energia, uma coisa se transformou na outra; minha vida mudou.”

“Encontrei na psicologia de Jung e nas obras deste mestre o meu melhor instrumento de trabalho.” A Doutora costumava dizer que ela, como as costureiras, possuía muitas tesouras, mas dava preferência a uma, a de C. G. Jung.

“Madame Adelaide Sechehaye. Ela me disse: ‘Só se pode progredir pelo prazer’, meu encontro com ela foi um grande prazer.”

“Há beleza na vida, há beleza em tudo. Vocês veem?... Há beleza na alegria, e mesmo na saudade, na tristeza, no sofrimento e até na partida, há beleza. A vida é uma beleza.” ______

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Grupo de Estudos C. G. Jung

Ontem, dia 17 de outubro, iniciamos a noite de estudos com a apresentação do O Livro Vermelho de C. G. Jung - Editora Vozes, na Casa das Palmeiras - (uma edição em francês).
Estudiosos ao chegar e se colocar em torno da grande mesa tiveram seus olhares voltados para as imagens produzidas por Jung e seus textos, escritos em letra gótica. Em seguida a leitura do Liber Novus O caminho daquele que virá / fólio I, pág. 229 a 231.
Em seguida um tempo para comentários gerais.
A profundidade do texto deixou todos em estado mais de silêncio que de palavras; espanto pela coragem e grandeza de Jung.
A interioridade tomou conta dos presentes.







Próximos encontros dia 31 de outubro,
                  14 / 28 de novembro e 12 de dezembro.
Sempre das 19h às 20h40. Rua Sorocaba, 800 - Botafogo. Inf. 2266-6465.

sábado, 13 de outubro de 2012

O Livro Vermelho de C. G. Jung


O Grupo de Estudos C. G. Jung, dando continuidade,
 iniciará dia 17 de outubro, quarta-feira,
leitura e reflexões sobre o
O LIVRO VERMELHO
Liber Novus
C. G. JUNG.

Local: CASA DAS PALMEIRAS
Rua Sorocaba, 800 - Botafogo.
Das 19h às 20h40
Traga seus amigos/as.
Esta caminhada profunda está aberta ao público
Inf. Tel. 2266-6465 (2ª à 6ª feira - às tardes)
Mandala desenhada por Jung.
          O Livro Vermelho é intercalado por imagens produzidas por Jung. Fala por imagens o que as palavras não conseguem: "Minha linguagem é imperfeita. Não que eu queira brilhar com palavras, mas por incapacidade de encontrar aquelas palavras é que falo em imagem. Pois não posso pronunciar de outro modo”.
          "O Livro Vermelho" é assim chamado devido à cor da capa que cobria os originais deixados por Jung. O livro foi concebido entre os anos de 1913 e 1930, decorrência de um período em que ele mergulhou nas profundezas, em "confronto com o inconsciente". A obra foi escrita em alemão arcaico.
Encontramos no percorrer da obra relatos sobre fantasias, sonhos, e mesmo visões. "O espírito dessa época em mim queria muito conhecer a grandeza e amplidão do sentido supremo, não sua pequenez. Mas o espírito da profundeza venceu este orgulho, e eu tive de engolir o pequeno como um remédio da imortalidade", diz Jung (Liber Primus, O caminho daquele que virá).
          Este livro tem por edição e introdução o historiador Sonu Shamdasani, estudioso de Jung. Editora Vozes, 2010, Petrópolis, RJ. A edição brasileira, bilíngue, traz o fac-símile do texto original manuscrito.
____________________ 
O Grupo se reune de 15 em 15 dias às quartas-feiras.
- 17 e 31 de outubro - 14 e 28 de novembro.
_________________________________

domingo, 7 de outubro de 2012

Festa da Primavera na Casa das Palmeiras


Mais uma das belas Festas na Casa das Palmeiras aconteceu na tarde de 5 de outubro. Uma gama de coisas agradáveis vividas com emoção e felicitando a chegada da Primavera.
A Casa repleta de flores coloridas de papel de seda e crepom, de revista e celofane - produção dos ateliês. Estagiários e colaboradores ajudaram os clientes estimulando na confecção das flores e arranjos florais. A beleza tomou conta dos espaços. Muita música.
 
Todos trabalharam muito na preparação da Festa vivida com muita alegria e rica programação cultural: poesia, conto de fada, violão, piano, teatro, coral, salgadinhos, doces, sucos, com a presença de familiares, antigos estagiários/as, sócios, convidados e amigos/as. Agitação saudável com sorteios - surpresas.
  

O ponto alto da Festa foi a apresentação da peça de Teatro - A Fábula da Flor das Sete Pétalas – criação coletiva realizada nos dias da Atividade de Teatro. Dirigida pela colaboradora Patrícia Góis.


Aplausos
Viva o sonho de Nise da Silveira aceso na chama afetiva e repleto de criatividade
 desde 23 de dezembro de 1956.
Viva os clientes, a equipe diretora, e, todos que tanto amam e colaboram, generosamente, na manutenção da Casa das Palmeiras! Viva a Primavera!